Haiti lança campanha de vacinação contra cólera sob ameaça da violência

Haiti lança campanha de vacinação contra cólera sob ameaça da violência

País conta com 1,17 milhão de doses para conter a doença

AFP

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O Haiti lança neste domingo (18) uma campanha para vacinar mais de 10% de sua população contra o cólera, mas especialistas advertem que a iniciativa terá como obstáculos a ação de grupos criminosos presentes em grande parte do território. O país caribenho, o mais pobre do continente americano, conta com 1,17 milhão de doses de vacinas, que são administradas por via oral, e cerca de mais 500 mil estão para chegar.

A campanha vai se concentrar nas crianças de um a cinco anos, a faixa etária que registra quase metade dos casos confirmados. O cólera se propagou rapidamente pelo Haiti a partir de outubro. O Departamento de Epidemiologia, Laboratórios e Pesquisas da Nação registrou mais de 14.700 casos suspeitos, cerca de 1.270 casos confirmados e mais de 290 óbitos vinculado à doença.

"Muitos países estão registrando epidemias de cólera atualmente, o que provoca escassez de vacinas", disse à AFP Jean Bosco Hulute, especialista em saúde do Unicef, o fundo da ONU para a infância.

Ele destacou que uma única dose imuniza por seis meses, mas ressaltou que uma segunda dose amplia a proteção por dois anos completos. A campanha de vacinação - programada para entre 18 e 22 de dezembro e, depois, nos dias 27 e 28 - se concentrará na capital Porto Príncipe e nos bairros e comunidades mais afetadas da região metropolitana, entre elas Cite Soleil, Delmas e Carrefour.

Mas Hulute assinalou que a violência das gangues dificultará o acesso dos vacinadores a áreas inseguras. "Particularmente onde ocorreram sequestros e tiros, as equipes de vacinação e comunicação não estarão totalmente protegidas", indicou. Em 2010, o Haiti sofreu uma primeira epidemia de cólera depois que efetivos nepaleses das forças de paz da ONU introduziram a doença. Na década seguinte, o cólera provocou a perda de mais de 10 mil vidas.

Tristan Rousset, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), assinalou que, apesar de a epidemia atual não ser tão explosiva como a de 2010, ela afeta todo o território e a situação política, econômica e de segurança do país "abre caminho para surtos".


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