Hillary e Sanders sobem tom e ataques em debate democrata

Hillary e Sanders sobem tom e ataques em debate democrata

Conversa esquentou quando senador citou dinheiro que ex-secretária de Estado recebeu por conferências privadas

AFP

Hillary e Sanders sobem tom e ataques em debate democrata

publicidade

Os dois pré-candidatos do Partido Democrata às eleições presidenciais americanas de novembro, Hillary Clinton e Bernie Sanders, aumentaram visivelmente na quinta-feira o tom em suas críticas, durante um debate realizado antes das primárias da próxima terça-feira em New Hampshire.

Hillary e Sanders travaram um debate na Universidade de New Hampshire depois de uma vitória extraordinariamente apertada da ex-secretária de Estado na primária de Iowa, um resultado considerado uma enorme vitória para o senador pelo estado de Vermont.

Na quinta-feira, ambos começaram o encontro tentando mostrar alguma unidade, em comparação aos pré-candidatos do Partido Republicano, mas a temperatura subiu rapidamente quando Sanders mencionou o dinheiro que a ex-secretária de Estado recebeu do banco Goldman Sachs por conferências privadas. O conteúdo dessas conversas permanece privado.

Visivelmente irritada, Hillary interrompeu Sanders e pediu que terminasse a campanha para "sujar" seu nome com insinuações e que, se tivesse provas concretas de que ela havia se "vendido" às grandes corporações, que ele as apresentasse. "Não acredito que este tipo de ataques por insinuações sejam dignos de você. Basta. Se tem algo para dizer, diga diretamente. Verá que nunca mudei uma opinião ou um voto devido às doações que recebi", disse Hillary sem esconder sua indignação.

Sanders se manteve firme, mas se limitou a reiterar que é o único pré-candidato democrata que não recebe milionárias doações de Wall Street e dos grandes bancos. O comitê de campanha de Hillary recebeu nada menos que 15 milhões de dólares em doações por parte de bancos de Wall Street, e outros seis milhões doados pelo multimilionário George Soros.

Além disso, registros mostram que recebeu 600 mil dólares por conferências para o Goldman Sachs. Sanders afirmou que em sua opinião "o modelo de negócios de Wall Street é fraude. É uma fraude. E acredito que a corrupção é generalizada". Diante de uma consulta sobre se estava disposta a divulgar as transcrições de suas conferências com o Goldman Sachs, Hillary disse que analisaria a questão.

Números que não fecham

Em outro momento do debate, quando discutiam suas propostas para o sistema de saúde pública nos Estados Unidos, Hillary disse diretamente que os números em que se apoiam as promessas de Sanders "não fecham". "O senador Sanders e eu compartilhamos objetivos progressistas. Mas os números não fecham para o que o senador Sanders está propondo", disse Hillary, acrescentando que "eu não vou fazer promessas que não posso cumprir".

Os dois aspirantes democratas também trocaram comentários ásperos quando o debate se concentrou nas propostas de política externa. "Um grupo de especialistas em segurança nacional e inteligência militar emitiu um comunicado expressando sua preocupação com a visão do senador Sanders sobre política externa e segurança nacional", lançou Hillary, em particular por sugerir a necessidade de buscar algum tipo de relação com o Irã, um adversário declarado de Washington.

Em resposta, Sanders afirmou, em uma crítica ao desempenho de Hillary como secretária de Estado, que os Estados Unidos têm que manter algum tipo de diálogo com seus inimigos e adversários. "É com eles com quem temos que falar", disse.

A disputa entre ambos acontece em um contexto no qual os dois buscam definir o espaço do eleitorado que tentam atrair para suas campanhas. Dessa forma, lembrando de declarações passadas de Hillary, Sanders insistiu em que "não se pode ser um moderado e um progressista ao mesmo tempo". A ex-secretária de Estado respondeu que ela é uma "moderada capaz de apresentar resultados efetivos".

Pesquisas preliminares indicam que Sanders chega à primária de New Hampshire com uma vantagem confortável sobre Hillary Clinton, possivelmente de até 20 pontos percentuais. Ainda não se sabe com precisão o impacto que os resultados de Iowa terão nessa nova disputa. Uma derrota da ex-secretária de Estado em New Hampshire, depois de uma vitória tão apertada em Iowa, ligará todos os alarmes, mas pesquisas em nível nacional ainda a colocam como a favorita entre os democratas.

Para a equipe de campanha de Hillary, obter uma vitória em Iowa era fundamental para deixar para trás a experiência de 2008. Naquele ano, ela também era favorita, mas foi derrotada pelo então senador Barack Obama, que iniciou ali uma corrida vitoriosa para a Casa Branca.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895