Hospitais de Nova Iorque tentam aumentar capacidade ante pandemia de coronavírus

Hospitais de Nova Iorque tentam aumentar capacidade ante pandemia de coronavírus

Serviços médicos de emergência estão recebendo mais ligações do que no "11 de setembro"

AFP

Moradores de Nova Iorque enfrentam dificuldades de atendimento na rede de saúde estadunidense

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Os hospitais de Nova Iorque, nos Estados Unidos, batalham desesperadamente para aumentar o número de leitos e redobrar sua atenção na luta contra o novo coronavírus, que se tornou o epicentro da pandemia no país. No início da crise, que até quinta-feira provocou 385 mortes no estado de Nova Iorque, os pacientes eram em sua maioria idosos ou já apresentavam doenças, segundo um médico que trabalha em um grande hospital no Queens, na cidade de Nova Iorque.

"Eles agora têm 50, 40, 30 anos", acrescentou o funcionário do Jewish Medical Center, que se recusou a se identificar. "Eles não ouviram as recomendações para não sair de casa, ou para se proteger e lavar as mãos". "É difícil ver alguém morrer na casa dos 30 anos. Não podem receber visitas. Ficam sozinhos no quarto. É muito deprimente", acrescentou.

Até quinta-feira, os Estados Unidos registravam mais de 82.400 casos e pelo menos 1.178 mortos, de acordo com o balanço da Universidade Johns Hopkins. Com a disseminação do coronavírus no estado de Nova Iorque, o governador Andrew Cuomo ordenou que os hospitais aumentassem sua capacidade em 50%, ou dobrassem, se possível.

"Existem certos andares que, durante a noite, vão passar a se dedicar ao coronavírus", disse um funcionário administrativo do mesmo hospital. "Estão dedicando todo esse andar a pacientes da Covid-19".

Inexorável aumento de mortos

Ainda há equipamentos médicos disponíveis para combater o vírus, apesar de escassez ocasional, segundo os funcionários. Também não faltam respiradores e os médicos não foram obrigados - como em outras partes do mundo - a decidir qual paciente salvar. Isso não impediu o aumento inexorável de mortes.

"Temos muitos pacientes falecidos", disse uma enfermeira do Hospital Mount Sinai Morningside de Manhattan, que preferiu não se identificar. "A maioria por parada cardíaca. Está ficando difícil".

As horas extras também estão causando um estrago na equipe. O médico do Jewish Medical Center normalmente trabalha três turnos de 12 horas por semana. "Mas agora eu faço cinco, seis dias... 60 horas nas últimas semanas", afirmou.

Mais telefonemas que no 11/9

Em frente ao Elmhurst Center Hospital, no Queens, uma longa fila de pessoas, a maioria usando máscaras, esperava na quinta-feira - mantendo um metro de distância uma da outra sob vigilância policial - para realizar o teste.

Usando máscara e luvas, Juan Rodríguez esperou com seu filho Jimmy para fazer o teste. "Ele está tossindo e está com febre há quatro dias", afirmou. "Viemos ontem, mas havia muitas pessoas, então voltamos para casa. Agora estou aqui na fila com ele desde as sete da manhã", acrescentou.

As autoridades de Nova Iorque alertaram que é improvável que o pico da pandemia em Nova Iorque seja atingido dentro de duas ou três semanas, acrescentando ansiedade e estresse aos centros e equipes médicas que já estão em plena capacidade.

"Os próximos meses serão dolorosos e estressantes para o nosso sistema de saúde como nunca antes", tuitou o prefeito Bill de Blasio na quinta-feira. Anthony Almojeria, líder sindical dos serviços médicos de emergência, disse que estão recebendo "mais de 6.000" ligações por dia.

Isso "quebra todos os recordes. Não tivemos tantas ligações no 11 de setembro", afirmou, referindo-se aos ataques de 11 de setembro de 2001. "É assustador, mas é a profissão que escolhemos", disse o médico do Jewish Medical Center. "Não é hora de abandonar nossos pacientes. Eles precisam de nós. Se alguém da minha família ficasse doente, gostaria que fizessem o melhor por eles. Isso é tudo o que posso fazer".


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