Imprensa turca publica novos indícios de envolvimento do príncipe saudita no caso Khashoggi
Gabinete de Salman teria permanecido em contato com o líder de 15 agentes que teriam assassinado o jornalista
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O homem citado é Maher Abdulaziz Mutreb, membro da guarda pretoriana de "MBS", e que pode ser observado, nas imagens das câmeras de segurança, ao chegar ao consulado saudita e depois na residência do cônsul no último dia 2, data do desaparecimento de Khashoggi.
No jornal Hurriyet, o colunista Abdulkadir Selvi, considerado próximo ao governo turco, afirma que Khashoggi foi imediatamente levado para o escritório do cônsul, onde foi "estrangulado" pelos agentes sauditas. "Tudo demorou entre 7 e 8 minutos", afirma o jornalista. O corpo foi cortado em 15 pedaços por um médico legista integrante da equipe, completa Selvi.
De acordo com o colunista, o corpo desmembrado foi retirado do consulado e levado para um local ainda desconhecido de Istambul. "Se o príncipe herdeiro não prestar contas e não for afastado de seu cargo, então não poderemos encerrar este caso", alerta o cronista. As explicações de Riad sobre a morte de Khashoggi, crítico do regime, não convenceram em nada as grandes potências ocidentais. A Arábia Saudita citou um "erro monumental" para explicar a morte do jornalista, que teria sido provocada por uma "briga" dentro do consulado, uma versão considerava pouco verossímil.
Bodes expiatórios
Riad anunciou a destituição do vice-diretor do serviço de inteligência saudita, o general Ahmed al-Asiri, e de outros altos funcionários. Além disso, 18 suspeitos foram detidos. Para alguns analistas, as destituições e detenções são uma forma de apontar bodes expiatórios e de manter afastado do caso o príncipe herdeiro, verdadeiro homem forte do reino. "MBS" não estava a par do "assassinato" não autorizado pelo regime, repetiu no domingo o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al Jubeir, em entrevista ao canal americano Fox News.
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Com a manchete "O cerco se fecha ao redor do príncipe herdeiro", o jornal Yeni Safak afirma que o líder da equipe de agentes sauditas ligou "quatro vezes para o chefe de gabinete de "MBS", Bader Al Asaker" após o assassinato de Khashoggi. "Ao menos uma das ligações foi feita do escritório do cônsul", completa o jornal, que não revela suas fontes.
"Toda a verdade"
As revelações acontecem um dia antes de um aguardado discurso de Erdogan, que prometeu revelar toda a verdade sobre a morte de Khashoggi. Erdogan e Donald Trump concordaram no domingo, durante uma conversa por telefone, sobre a necessidade de esclarecer o homicídio de Khashoggi. Horas antes, o presidente americano acusou Riad de "enganos e mentiras" neste caso. Grã-Bretanha, França e Alemanha afirmaram em um comunicado conjunto que existe "uma necessidade urgente de esclarecimento" sobre as circunstâncias da morte "inaceitável" de Jamal Khashoggi.
Em outra nova contradição, o chefe da diplomacia saudita afirmou na entrevista a Fox News que as autoridades do país "não sabem" como Khashoggi morreu, apesar de citar a palavra "assassinato". Além de um golpe à credibilidade da Arábia Saudita, o escândalo internacional motivou um boicote de várias autoridades ocidentais e executivo de grandes empresas a uma conferência econômica internacional - planejada pelo príncipe herdeiro - que começa nesta terça-feira em Riad.