Imprensa turca publica novos indícios de envolvimento do príncipe saudita no caso Khashoggi

Imprensa turca publica novos indícios de envolvimento do príncipe saudita no caso Khashoggi

Gabinete de Salman teria permanecido em contato com o líder de 15 agentes que teriam assassinado o jornalista

AFP

Informações são publicadas às vésperas das revelações sobre o caso

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A imprensa turca publicou nesta segunda-feira novas informações que envolvem o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman (MBS) no suposto assassinato em Istambuml do jornalista Jamal Khashoggi, na véspera das revelações sobre o caso prometidas pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan. O jornal turco Yeni Safak afirma que o homem apontado como o líder da equipe saudita de 15 agentes enviados a Istambul para matar o jornalista permaneceu diretamente em contato com o gabinete do príncipe herdeiro, após o "assassinato".

O homem citado é Maher Abdulaziz Mutreb, membro da guarda pretoriana de "MBS", e que pode ser observado, nas imagens das câmeras de segurança, ao chegar ao consulado saudita e depois na residência do cônsul no último dia 2, data do desaparecimento de Khashoggi.

No jornal Hurriyet, o colunista Abdulkadir Selvi, considerado próximo ao governo turco, afirma que Khashoggi foi imediatamente levado para o escritório do cônsul, onde foi "estrangulado" pelos agentes sauditas. "Tudo demorou entre 7 e 8 minutos", afirma o jornalista. O corpo foi cortado em 15 pedaços por um médico legista integrante da equipe, completa Selvi.

De acordo com o colunista, o corpo desmembrado foi retirado do consulado e levado para um local ainda desconhecido de Istambul. "Se o príncipe herdeiro não prestar contas e não for afastado de seu cargo, então não poderemos encerrar este caso", alerta o cronista. As explicações de Riad sobre a morte de Khashoggi, crítico do regime, não convenceram em nada as grandes potências ocidentais. A Arábia Saudita citou um "erro monumental" para explicar a morte do jornalista, que teria sido provocada por uma "briga" dentro do consulado, uma versão considerava pouco verossímil.

Bodes expiatórios

Riad anunciou a destituição do vice-diretor do serviço de inteligência saudita, o general Ahmed al-Asiri, e de outros altos funcionários. Além disso, 18 suspeitos foram detidos. Para alguns analistas, as destituições e detenções são uma forma de apontar bodes expiatórios e de manter afastado do caso o príncipe herdeiro, verdadeiro homem forte do reino. "MBS" não estava a par do "assassinato" não autorizado pelo regime, repetiu no domingo o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al Jubeir, em entrevista ao canal americano Fox News.

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Com a manchete "O cerco se fecha ao redor do príncipe herdeiro", o jornal Yeni Safak afirma que o líder da equipe de agentes sauditas ligou "quatro vezes para o chefe de gabinete de "MBS", Bader Al Asaker" após o assassinato de Khashoggi. "Ao menos uma das ligações foi feita do escritório do cônsul", completa o jornal, que não revela suas fontes.

"Toda a verdade"

As revelações acontecem um dia antes de um aguardado discurso de Erdogan, que prometeu revelar toda a verdade sobre a morte de Khashoggi. Erdogan e Donald Trump concordaram no domingo, durante uma conversa por telefone, sobre a necessidade de esclarecer o homicídio de Khashoggi. Horas antes, o presidente americano acusou Riad de "enganos e mentiras" neste caso. Grã-Bretanha, França e Alemanha afirmaram em um comunicado conjunto que existe "uma necessidade urgente de esclarecimento" sobre as circunstâncias da morte "inaceitável" de Jamal Khashoggi.

Em outra nova contradição, o chefe da diplomacia saudita afirmou na entrevista a Fox News que as autoridades do país "não sabem" como Khashoggi morreu, apesar de citar a palavra "assassinato". Além de um golpe à credibilidade da Arábia Saudita, o escândalo internacional motivou um boicote de várias autoridades ocidentais e executivo de grandes empresas a uma conferência econômica internacional - planejada pelo príncipe herdeiro - que começa nesta terça-feira em Riad.

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