Inauguração da nova sede do BCE em Frankfurt termina em tumulto

Inauguração da nova sede do BCE em Frankfurt termina em tumulto

Manifestantes pediam liberdade para as pessoas na Europa

AFP

Uma multidão se preparou para protestar contra o BCE

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Milhares de pessoas protestaram nesta quarta-feira em Frankfurt contra a política do Banco Central Europeu (BCE), que inaugurou a nova sede, em manifestações que terminaram com centenas de detidos e vários policiais feridos. Trinta e cinco pessoas - 14 policiais e 21 manifestantes - ficaram feridas nos distúrbios, segundo a polícia e o grupo que convocou a mobilização. Dezenas foram vítimas de reações alérgicas provocadas pelas bombas de gás lacrimogêneo.

Muitos carros foram incendiados, em meio a barricadas criadas na cidade, a capital financeira da Alemanha. No início da tarde a polícia anunciou que 16 pessoas estavam detidas. Dezenas de pessoas foram convidadas a assistir a uma cerimônia simples para inaugurar o imóvel de 1,3 bilhão de euros, que de fato já é ocupado pelo BCE desde o ano passado.

O presidente da instituição, Mario Draghi, reconheceu que o BCE se tornou o "centro das críticas daqueles que estão frustrados com a situação na Europa", mas considerou as críticas "injustas". De acordo com Draghi, a ação do BCE tem justamente o objetivo de "aliviar" a situação.

Um grande esquema de segurança foi montado ao redor do prédio, o que não impediu a presença dos manifestantes, convocados pelo coletivo anticapitalista Blockupy. Pelo menos 10.000 pessoas eram esperadas na cidade para caminhar em direção ao BCE e protestar contra as políticas de austeridade na Europa, particularmente na Grécia.

Alguns prédios administrativos foram alvos de pedradas, carros policiais foram incendiados e helicópteros sobrevoavam a região. "Havíamos convocado manifestações pacíficas e é óbvio que alguns manifestantes que não integram o Blockupy se somaram ao movimento. Lamento", declarou Hermann Schauss, deputado regional de Hesse, membro do partido de extrema-esquerda Die Linke. "O que conta é que as pessoas se reúnam para protestar" completou.

Os membros do Blockupy pretendem seguir para o centro histórico da metrópole financeira alemã, onde serão organizados discursos e uma passeata no meio da tarde. Entre os oradores estão integrantes do partido de extrema-esquerda grego Syriza, atualmente no poder em Atenas, e do partido espanhol Podemos.

Além dos 10.000 manifestantes esperados pelo Blockupy, um trem especialmente fretado de Berlim transportará 800 pessoas e 60 ônibus procedentes de 39 cidades europeias estavam a caminho de Frankfurt.

Na grande avenida que leva ao BCE, mais de 100 manifestantes gritavam, diante do cordão de isolamento: "1, 2, 3, lasst die Leute frei" ("1, 2, 3, liberdade para as pessoas"). Também foram ouvidos gritos de "porcos nazistas" em direção aos agentes.

"Nós, do Blockupy, não havíamos previsto que o dia seria assim. Mas o cenário de guerra civil montado pela polícia foi interpretado por muitas pessoas como uma provocação", declarou à agência DPA Hendrik Wester, porta-voz do Blockupy.

A polícia de Frankfurt mobilizou milhares de agentes, com o apoio de helicóptero e jatos de água para dispersar os manifestantes violentos.

"Esta mobilização policial é uma das mais importantes organizadas na história da cidade", disse um porta-voz da força de segurança.


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