Incêndio no Havaí deixa 99 mortos mas autoridades temem número muito maior

Incêndio no Havaí deixa 99 mortos mas autoridades temem número muito maior

Balanço aumenta à medida que as equipes de emergência avançam nos trabalhos de busca

AFP

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O balanço de mortos no incêndio no Havaí, o mais letal ocorrido nos Estados Unidos em mais de um século, subiu para 99, mas o número pode "dobrar" durante a semana, alertaram as autoridades, muito criticadas por sua gestão.

"Durante os próximos 10 dias, este número pode dobrar", afirmou na segunda-feira (14) o governador do Havaí, Josh Green, ao canal CNN, depois de anunciar a descoberta de mais três corpos, o que elevou o número da tragédia a 99 vítimas fatais.

O balanço aumenta à medida que as equipes de emergência, com o auxílio de cães farejadores, avançam nos trabalhos de busca entre casas e veículos incendiados.

Apenas 25% da área afetada foi rastreada até o momento, informaram as autoridades na segunda-feira à noite.

As equipes de resgate "devem encontrar de 10 a 20 pessoas por dia até que terminem seu trabalho", alertou Green ao canal CBS.

Em Lahaina, uma cidade costeira de 12.000 habitantes na ilha de Maui, as chamas foram tão intensas que derreteram o metal.

Os corpos recuperados são difíceis de identificar, explicou o chefe de polícia local, John Pelletier.

Até o momento, apenas três corpos foram reconhecidos "por suas impressões digitais", acrescentou o policial, que pediu aos parentes das pessoas desaparecidas que sejam submetidas a exames de DNA.

As autoridades pretendem limitar o acesso a Lahaina durante todas as operações de busca, por precaução ante possíveis produtos químicos, e por respeito às vítimas.

O governo local registra 1.300 desaparecidos. O número diminui à medida que as comunicações são restabelecidas de forma progressiva na ilha de Maui e os habitantes conseguem entrar em contato com suas famílias.

"Falta de comunicação"

Os vários incêndios declarados na semana passada, atiçados pelos fortes ventos e a seca na ilha, continuam ativos, apesar dos esforços dos bombeiros para controlar as chamas.

As autoridades, no entanto, não parecem preocupadas com a tempestade tropical que deve atravessar o sul do arquipélago na madrugada de quarta-feira para quinta-feira. "Praticamente não terá nenhum impacto", afirmou o serviço meteorológico americano.

As chamas atingiram ou destruíram mais de 2.200 estruturas em Lahaina. Oficialmente, o prejuízo é calculado em 5,5 bilhões de dólares (26,9 bilhões de reais), sem contar as milhares de pessoas que perderam suas casas.

Este é o incêndio mais letal nos Estados Unidos desde 1918, quando 453 pessoas faleceram em Minnesota e no Wisconsin, segundo a Associação Nacional de Proteção contra Incêndios, um grupo de pesquisas sem fins lucrativos.

O número de vítimas fatais supera o do incêndio 'Camp Fire', de 2018, na Califórnia, que praticamente apagou do mapa a pequena localidade de Paradise e matou 86 pessoas.

As circunstâncias dos incêndios repentinos da última semana ainda não foram determinadas. E o ressentimento da população contra as autoridades não para de aumentar.

"A falta de comunicação é abismal, as pessoas estão muito indignadas e frustradas. A situação só piora", declarou à AFP o pastor Stephen Van Bueren, que viu sua igreja destruída.

Durante os incêndios, os alertas oficiais na televisão, rádio e telefones celulares foram inúteis porque muitos moradores estavam sem energia elétrica ou conexão com a internet. As sirenes de alarme não funcionaram.

Críticas de Trump

Uma investigação foi aberta para apurar a gestão da crise.

"Pensamos que as sirenes ficaram essencialmente imobilizadas devido ao calor extremo em Maui", disse Green.

A gestão do governador foi criticada pelo ex-presidente americano Donald Trump. "Não quer fazer nada além de culpar a mudança climática", escreveu na rede Truth Social.

Muitos moradores de Lahaina disseram que souberam do incêndio quando viram os vizinhos correndo nas ruas ou quando observaram as chamas.

"A montanha atrás de nossa casa pegou fogo e ninguém nos avisou", lamentou Vilma Reed, 63, que teve sua residência destruída.

Ela disse que fugiu sem levar nada, e que depende, agora, de doações. "Esta é a minha casa agora", disse a mulher, ao apontar para o carro em que dormiu com sua filha, neta e dois gatos.

Mazie Hirono, senadora democrata pelo arquipélago, afirmou ao canal CNN que não procura desculpas para a tragédia".

A operadora de energia elétrica Hawaiian Electric também é criticada.

A empresa é acusada de ter mantido "suas linhas de energia quando as previsões apontavam para um risco alto de incêndios" e ventos fortes, alimentados por um furacão que passava ao sudoeste de Maui.


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