Irã pretende recuperar US$ 32 bilhões de ativos congelados com fim das sanções

Irã pretende recuperar US$ 32 bilhões de ativos congelados com fim das sanções

Dinheiro está bloqueado em instituições bancárias no exterior

AFP

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O Irã pretende recuperar 32 bilhões de dólares de ativos bloqueados em bancos internacionais com a conclusão das sanções econômicas e financeiras, que se tornou efetiva com a entrada em vigor do acordo nuclear. O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, elogiou o fim de uma parte das sanções internacionais contra seu país, mas advertiu para a "enganação" dos Estados Unidos, informou a agência oficial de notícias Irna. "Com a retirada das sanções e a entrada em vigor do acordo nuclear, 32 bilhões de dólares de ativos congelados serão desbloqueados", afirmou o presidente do Banco Central iraniano, Valiollah Seif, citado pela televisão pública.

O dinheiro está bloqueado em instituições bancárias no exterior desde a imposição, em 2006, de sanções da ONU, Estados Unidos e União Europeia para obrigar o Irã a limitar seu programa nuclear. Antes, em 1979, Washington congelou os bens iranianos nos bancos americanos e suas filiais em represália pela tomada de reféns na embaixada dos Estados Unidos em Teerã. O acordo nuclear, assinado em julho de 2015 e em vigor desde sábado, prevê que as sanções internacionais serão completamente anuladas em um prazo de 10 anos.

De acordo com Seif, 28 bilhões de dólares entrarão nos cofres do Banco Central e quatro bilhões serão destinados à Fazenda. "Este dinheiro pode ser utilizado para importar bens necessários. Não é racional trazê-lo ao Irã (...) Estes ativos desbloqueados serão depositados em contas seguras em bancos estrangeiros", disse.O valor mencionado por Seif é inferior às quantias citadas até agora, que informavam sobre até 100 bilhões de dólares.

As autoridades anunciaram ainda o retorno do Irã ao sistema bancário internacional SWIFT e a abertura de 1.000 letras de crédito por parte de bancos estrangeiros. Ao discursar para empresários nesta terça-feira, o presidente Hassan Rohani pediu um esforço geral para solucionar os problemas econômicos e sociais do país. "Hoje é um começo. O começo de um jovem inocente que estava acorrentado injustamente há 12 anos", disse o presidente no discurso, exibido ao vivo pela televisão estatal. "As sanções já não existem, mas ainda resta um longo caminho para o desenvolvimento econômico. Hoje, nossos principais problemas são o desemprego e a recessão", completou Rohani.

O Irã precisa de "50 bilhões de dólares de investimentos estrangeiros" por ano para assegurar um crescimento econômico de 8%, insistiu o presidente iraniano. Mas a queda do preço do petróleo, que tem cotação abaixo dos 30 dólares o barril, dificulta a ação do governo, que anunciou um aumento da produção em 500.000 barris diários.

O Irã, membro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), produz atualmente 2,8 milhões de barris diários, dos quais pouco mais de um milhão são destinados à exportação.

A Agência Internacional de Energia (AIE) advertiu que a oferta de petróleo pode continuar excedente em 2016 justamente por conta do aumento da produção do Irã, o que aumentará a pressão pela redução dos preços ante uma demanda um pouco menos vigorosa do que foi antecipado.

O Irã tem a quarta maior reserva de petróleo no mundo e a segunda reserva mundial de gás natural. A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, anunciou na segunda-feira que viajará para o Irã nos próximos meses com membros da Comissão Europeia para melhorar a "cooperação prática". Enquanto isso, em uma entrevista por telefone com Rohani, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que era "favorável à presença de empresas europeias no Irã", segundo a agência de notícias Irna.

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