Iraque faz primeira eleição legislativa após derrota do Estado Islâmico
Campanha eleitoral não teve casos de violência
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Diferentemente das três eleições anteriores, organizadas após a queda de Saddam Hussein, em 2003, a campanha eleitoral não teve casos de violência, apesar das ameaças dos extremistas do EI. Para evitar qualquer infiltração ou incidentes, as autoridades fecharam as fronteiras e o espaço aéreo neste sábado. Pela primeira vez, os partidos xiitas, que dominam a cena política há 15 anos, não se apresentam em uma lista comum, devido a uma inflamada luta pelo poder entre os homens fortes desta comunidade, majoritária no Iraque.
Ao menos cinco listas xiitas estão na disputa: a do primeiro-ministro em fim de mandato, Haider al-Abadi; a de seu antecessor, Nuri al-Maliki, derrotado em 2014; a de Hadi al-Amiri, na qual se incluem os veteranos das Forças de Mobilização Popular, fundamentais na luta contra o EI, e as de duas estirpes de altos dignatários religiosos, Ammar al-Hakim, à frente da Hikma, e o líder populista Moqtada Sadr, que fez uma aliança inédia com os comunistas dentro da "Marcha pelas reformas".
A fragmentação dos xiitas não deve alterar o equilíbrio de forças intercomunitárias em um sistema político pensado para que nenhuma formação tenha uma posição dominante e, assim, evitem a volta da ditadura. Os curdos devem perder terreno devido às medidas de retorsão tomadas pelo poder central após o referendo de independência de setembro de 2017.
O Exército retomou a província petroleira de Kirkuk e os territórios que os curdos controlavam fora dos limites oficiais de sua região autônoma. É possível que percam ao menos 10 das 62 cadeiras que conquistaram na legislatura anterior. Os sunitas, que se apresentam em quatro listas, não têm nenhuma chance de voltar ao poder, mas devem ter um papel determinante na formação do novo governo.