Israel intensifica ataques no centro e sul de Gaza

Israel intensifica ataques no centro e sul de Gaza

Ministério da Saúde do Hamas informou que bombardeios durante a madrugada provocaram mortes em Nuseirat e Deir al Balah

AFP

Israel intensifica ataques no centro e sul de Gaza

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Israel intensificou nesta quinta-feira (28) os ataques no sul e centro da Faixa de Gaza, onde a "fome e a desesperança" aumentam, segundo a ONU, após mais de dois meses de conflito. Um correspondente da AFP observou disparos de artilharia durante a noite em vários pontos de Gaza, como Khan Yunis, no sul do território palestino, onde se concentra uma parte significativa dos 1,9 milhão de deslocados de Gaza.

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou na quarta-feira que mais 21.100 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram em Gaza desde o início das operações militares israelenses.

Israel prometeu manter a campanha para destruir o Hamas como resposta ao ataque de 7 de outubro do movimento islamista, que deixou quase de 1.140 mortos em território israelense, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pelas autoridades do país.

O movimento palestino também sequestrou quase 250 pessoas, das quais 129 continuam como reféns. As Forças Armadas israelenses anunciaram nesta quinta-feira que os bombardeios prosseguem em Khan Yunis, onde, segundo autoridades do país, se concentram parte dos milicianos do Hamas.

Também exibiram imagens dos soldados avançando nos túneis cavados pela organização islamista palestina perto do hospital pediátrico Al Rantisi, no oeste da cidade de Gaza.

O Ministério da Saúde do Hamas informou que bombardeios durante a madrugada provocaram mortes em Nuseirat e Deir al Balah.

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"Cessar-fogo duradouro"

A pressão por uma trégua aumentou na quarta-feira, quando o presidente francês Emmanuel Macron insistiu, em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na "necessidade de trabalhar para alcançar um cessar-fogo duradouro".Ele também expressou uma "profunda preocupação" com o número de civis mortos em Gaza, informou seu gabinete em um comunicado.

Desde que Israel impôs o cerco ao território no início da guerra, os moradores de Gaza enfrentam a escassez de comida, água, combustível e medicamentos.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também pediu uma trégua e afirmou que a comunidade internacional deve "adotar passos urgentes para aliviar o grave perigo que a população de Gaza enfrenta, que coloca em risco a capacidade dos trabalhadores humanitários de ajudar as pessoas com ferimentos graves, fome e que estão expostas a doenças".

Em um comunicado, a OMS afirmou que seus funcionários relataram que "pessoas com fome novamente interromperam nossos comboios com a esperança de encontrar comida"."A fome e a desesperança aumentam no território palestino", lamentou.

Quadrigêmeos em Gaza

Uma das moradoras de Gaza, Iman al-Masry, deu à luz recentemente a quadrigêmeos em um hospital no sul de Gaza, depois de fugir da casa da família no norte do território, uma área devastada pela guerra.

A viagem "afetou minha gravidez", declarou a mulher de 28 anos, que teve dois meninos e duas meninas em um parto cesárea. Ela precisou desocupar rapidamente o leito no hospital para dar espaço a outros pacientes, mas deixou um dos filhos no hospital porque ele estava com a saúde muito frágil para receber alta. "Estão muito magros", afirmou sobre os filhos em um abrigo improvisado em Deir al Balah."Com a falta de leite em pó para bebês, tento amamentá-los, mas não há nada nutritivo que eu possa comer para amamentar três bebês", lamentou.

No campo de refugiados de Al Maghazi, uma escola da ONU transformada em abrigo foi atingida por um bombardeio ."Eles dizem que existem zonas verdes e zonas com outras cores. São apenas boatos, não há zonas seguras em Gaza", declarou à AFP um homem no território que não revelou seu nome.

A situação também é crítica em Rafah, no sul do território, onde vivem quase 1,5 milhão meio de habitantes", explicou Nedal Abu Shbeka, proprietário de uma loja de colchões.

"Pessoas estão nas escolas, campos e outros lugares", disse, em referência ao número elevado de deslocados.

"Ação direta"

A guerra aumentou o temor de um conflito regional, com agressões frequentes entre Israel e o Hezbollah na fronteira com o Líbano, assim como os ataques dos rebeldes huthis do Iêmen contra navios no Mar Vermelho, em solidariedade com o Hamas.

Todos estes grupos são apoiados pelo Irã.

O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, sugeriu uma possível "expansão dos combates ao norte", na fronteira com o Líbano, cenário de trocas de tiros constantes entre as forças de Israel e o movimento islamista Hezbollah desde o início da guerra.

A Guarda Revolucionária do Irã advertiu Israel que Teerã e seus aliados adotarão uma "ação direta" para vingar a morte do comandante Razi Moussavi, que ocorreu na segunda-feira em um ataque com mísseis na Síria atribuído às forças israelenses, que negam qualquer envolvimento.

Milhares de pessoas compareceram nesta quinta-feira ao funeral de Moussavi em Teerã. Ele era comandante da Força Qods, setor de operações no exterior e unidade de elite da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã.

A violência também explodiu na Cisjordânia ocupada, com mais de 310 palestinos mortos por soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro, segundo o Ministério palestino da Saúde.

Um palestino morreu na madrugada desta quinta-feira durante uma incursão do Exército israelense em Ramallah, depois que seis faleceram em circunstâncias similares na quarta-feira em outro ponto do território. A ONU pediu a Israel o "fim dos homicídios ilegais" na Cisjordânia ocupada.


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