Israel segue bombardeando Gaza em meio à viagem regional de Blinken

Israel segue bombardeando Gaza em meio à viagem regional de Blinken

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, iniciou uma nova turnê pela região, dessa vez, cogitando pausas nos combates

AFP

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O exército israelense anunciou, neste domingo, 5, uma campanha de bombardeios "significativos" na Faixa de Gaza, ao memso tempo em que o chefe da diplomacia dos Estados Unidos viaja pela região.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, iniciou uma nova turnê pela região na sexta-feira e chegou a Bagdá neste domingo, após visitar Ramallah, na Cisjordânia ocupada, e o Chipre.

Em Ramallah, ele se reuniu com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e lhe disse que os palestinos de Gaza "não devem ser deslocados à força", de acordo com um porta-voz do Departamento de Estado.

Abbas, por sua vez, denunciou "o genocídio e a destruição sofridos" pelos palestinos.

Segundo o Hamas, pelo menos 9.770 pessoas, metade delas mulheres e crianças, morreram na Faixa de Gaza devido aos bombardeios do exército israelense, que começaram após o ataque sangrento realizado pelo movimento islamista palestino em território israelense em 7 de outubro.

Conforme as autoridades israelenses, esse ataque resultou em 1.400 mortes, a maioria de civis.

"Estão sendo realizados bombardeios significativos" em Gaza, declarou o porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari.

Hagari disse que as tropas que operam no território palestino o partiram em dois: "Gaza Sul e Gaza Norte". "Mas ainda estamos permitindo a passagem de civis do norte de Gaza e da cidade de Gaza para o sul", acrescentou.

O governo do Hamas afirmou que Israel lançou "intensos bombardeios" perto de vários hospitais, incluindo o de Al Shifa, o maior da Faixa.

A operadora de telefonia palestina Paltel relatou um novo corte nas linhas telefônicas e de internet em Gaza.

"As crianças ficaram com muito medo"

Desde meados de outubro, Israel insta os civis do norte da Faixa de Gaza, onde os combates são mais intensos, a se deslocarem para o sul. Até agora, 1,5 milhão de habitantes do território palestino tiveram que abandonar suas casas, segundo a ONU.

"A situação é muito difícil. Não há pão nem água, nem mesmo água salgada. Vimos cadáveres, as crianças ficaram com muito medo. A situação era muito assustadora", contou Zakaria Akel, que fugiu com sua família para o sul da Faixa.

Deter "a violência de extremistas"

Na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967, mais de 150 palestinos foram mortos a tiros por soldados ou colonos israelenses desde o início do conflito, apontam as autoridades locais.

Em sua reunião com Abbas, Blinken instou que a "violência de extremistas" contra os palestinos na Cisjordânia seja interrompida.

Os Estados Unidos apoiam Israel, mas propõem o estabelecimento de "pausas humanitárias" para a distribuição de ajuda aos civis.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeita qualquer "trégua temporária" sem a libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas, cerca de 240, segundo as autoridades israelenses.

Antes de voar para o Iraque, Blinken esteve no Chipre, onde se encontrou com o presidente Nikos Christodoulides para discutir, informou a presidência cipriota, a criação de um "corredor marítimo" para fornecer assistência humanitária a Gaza.

O exército israelense segue avançando em sua ofensiva terrestre e os combates aumentam no norte da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007.

No norte desse território, uma bandeira israelense foi vista tremulando sobre um edifício destruído, no meio dos escombros, de acordo com imagens da AFP gravadas da cidade israelense de Sderot.

Em um dos últimos ataques em Gaza, o Ministério da Saúde do Hamas indicou que 45 pessoas, a maioria crianças e mulheres, morreram em um bombardeio ao campo de refugiados de Maghazi.

"Um bombardeio israelense atingiu a casa dos meus vizinhos [...], que fica ao lado da minha casa", relatou Mohammed Alaloul, um jornalista de 37 anos que trabalha para a agência turca Anadolu.

Alaloul disse que o bombardeio matou quatro de seus filhos e quatro de seus irmãos, além de vários de seus sobrinhos.

Um porta-voz militar israelense declarou que estavam investigando se o exército estava operando na área durante o bombardeio.

Evacuações seguem suspensas

No sábado, após um comboio de ambulâncias ser bombardeado por Israel na véspera, deixando 15 mortos e 60 feridos, o Hamas suspendeu a evacuação de estrangeiros para o Egito através da passagem de Rafah.

Neste domingo, também não houve nenhuma saída, de acordo com um funcionário palestino e outro egípcio.

Até agora, mais de 300 americanos, residentes nos Estados Unidos e suas famílias, foram evacuados da Faixa de Gaza, informou neste domingo Jonathan Finer, assessor adjunto de segurança nacional da Casa Branca.

As tensões aumentaram no norte de Israel, na fronteira com o Líbano, com trocas diárias de disparos entre o exército israelita e o movimento pró-iraniano Hezbollah, aliado do Hamas.

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou esta semana que a possibilidade de "uma guerra total" é algo "realista".

A Turquia, para onde Blinken viajará neste domingo, anunciou no sábado a retirada do seu embaixador em Israel.

Além disso, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, indicou que estará fora de Ancara durante a visita de Blinken, que se reunirá com o ministro das Relações Exteriores, Hakan Fidan.


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