Itália instaura novo Parlamento após vitória da extrema-direita nas eleições

Itália instaura novo Parlamento após vitória da extrema-direita nas eleições

Ultradireitista Ignazio La Russa foi eleito presidente do Senado

AFP

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O novo Parlamento da Itália foi instalado nesta quinta-feira (13) após a vitória da extrema-direita nas eleições legislativas de 25 de setembro. Esse é o primeiro passo para a formação do Executivo que provavelmente será liderado pela pós-fascista Giorgia Meloni.

O ultradireitista Ignazio La Russa foi eleito presidente do Senado, votação em que os senadores do Força Itália, um dos partidos da coalizão vencedora, não participaram. Isso  mostra as fortes divisões internas. Um dos fundadores do partido pós-fascista Irmãos da Itália, La Russa recebeu 116 votos a favor (eram necessários 104), enquanto 65 ficaram em branco.

"Escolheram um patriota", reagiu Meloni.

O presidente da Câmara dos Deputados será eleito na sexta-feira, após complexas negociações entre as forças da coalizão vencedora formada pelo partido de extrema-direita Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), de Meloni, que conquistou 26% dos votos, a Liga Anti-Imigração de Matteo Salvini e a conservadora Força Itália de Silvio Berlusconi, ambas com menos de 10%.

A senadora vitalícia Liliana Segre, sobrevivente do campo de concentração nazista de Auschwitz (Polônia), foi a encarregada de presidir a sessão do Senado. Com um discurso comovente, durante o qual falou contra a guerra, lembrou que teve que deixar a escola em 1938 por causa das leis contra os judeus durante o fascismo e enviou saudações ao papa Francisco.

"É impossível não sentir uma espécie de vertigem ao lembrar daquela menina que em outubro de 1938 foi forçada a deixar sua carteira vazia na escola. E que hoje se encontra por um estranho destino na mesa mais prestigiosa do Senado", disse ela depois de ser aplaudida de pé.

A eleição do presidente do Senado, o segundo cargo mais importante na Itália depois do presidente da República, foi o "primeiro teste" para Meloni, alvo de pressões internas pela distribuição dos ministérios.

"Não podemos nos dar o luxo de perder tempo, a situação na Itália não é fácil", admitiu na quarta-feira Meloni, que deve enfrentar inúmeros desafios, particularmente a crise energética provocada pela guerra na Ucrânia e a alta inflação que afeta famílias e empresas.

Os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado se reunirão sucessivamente com o presidente da República, Sergio Mattarella, iniciando as consultas para nomear um novo chefe de governo, segundo as regras desta república parlamentar. Ao final das consultas, Mattarella deve pedir a Meloni para formar um Executivo, com o qual ela se tornará a primeira mulher na história da Itália a ocupar o cargo de primeira-ministra.

Giorgia Meloni, 45 anos, fez poucas aparições públicas desde sua vitória eleitoral, comunicando-se apenas pelas redes sociais. A líder pós-fascista, que não tem muita experiência de governo, tem tentado tranquilizar os mercados sobre sua capacidade de gestão.

No entanto, permanece uma incógnita o nome do futuro ministro da Economia, responsável pela terceira maior economia da zona do euro, com uma dívida que chega a 150% do PIB. O Fundo Monetário Internacional anunciou esta semana que a Itália deverá entrar em recessão em 2023 e que seu PIB encolherá 0,2%.


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