Japão reiniciará primeiro reator após dois anos sem energia nuclear

Japão reiniciará primeiro reator após dois anos sem energia nuclear

Fechamento das centrais ocorreram por causa do acidente de Fukushima

AFP

Manifestantes protestam contra uso de reator nuclear em Sendai

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Dois anos depois do fechamento de todas as centrais nucleares por causa do acidente de Fukushima, o Japão reativará na terça-feira seu primeiro reator nuclear. A central de Sendai, 1.000 km a sudoeste de Tóquio, começará a funcionar às 10h30min (22h30min desta segunda-feira no horário de Brasília), indicou a companhia operadora, Kyushu Electric Power, em um comunicado. De acordo com a previsão, o reator, de 31 anos, deve alcançar a capacidade operacional plena por volta das 23h locais, e começará a gerar eletricidade no dia 14 de agosto, afirma a nota.

O procedimento será feito sob a supervisão da autoridade de regulação nuclear. "Depois, aumentaremos progressivamente a potência. A previsão é de uma exploração normal a partir de setembro". "A principal prioridade é a segurança", declarou o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, na segunda-feira. O reator em questão, que inicialmente começou a funcionar em julho de 1984, foi apagado em 10 de maio de 2011 para seu ciclo de manutenção regular, que dura entre três e quatro meses. No entanto, não foi reativado devido à decisão das autoridades de instaurar normas de segurança mais severas após o desastre na central de Fukushima de março de 2011, seguido ao maremoto. 

Vários exercícios foram realizados nos últimos dias na usina de Sendai, com base em um cenário similar ao de Fukushima, onde mais de 150 mil habitantes da região tiveram que abandonar seus lares. Progressivamente, os 48 reatores do arquipélago (sem contar os seis fechados da central de Fukushima Daiichi) foram parados após o acidente.

População contra

O Japão, onde a eletricidade nuclear representava pouco mais de um quarto do total até 2011, está totalmente privado deste tipo de energia desde 15 de setembro de 2013, mas é compensado com centrais térmicas que estão funcionando a pleno vapor. Embora a eletricidade seja suficiente – não ocorreram cortes ou racionamentos –, o governo do conservador Shinzo Abe sustenta que os reatores nucleares são indispensáveis devido ao preço elevado representado pela compra de hidrocarbonetos, necessários para o funcionamento das centrais térmicas.

Também argumenta que as empresas se restringem, o que freia o potencial de crescimento do país. Abe insiste igualmente que o uso extensivo das centrais térmicas impede a adoção de objetivos ambiciosos em relação às emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa. Mas, segundo uma pesquisa realizada entre 1.000 pessoas, publicada pelo jornal Mainchi Shimbun, 57% dos pesquisados são contra a reabertura de Sendai, contra 30% que a apoiam.

Além disso, as organizações ecologistas se pronunciaram contra a reabertura dos reatores por razões de segurança (riscos sísmicos e vulcânicos), assim como o impacto ambiental. "O governo japonês segue atado a uma economia baseada na energia nuclear e fóssil, mas a realidade é que o Japão tem o potencial de gerar 56% da eletricidade a partir de fontes renováveis até 2030, o que permitiria reduzir as emissões de carbono", explica Ai Kashiwagi do Greenpeace.

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