Jornais europeus começam a publicar os "Malta Files" sobre paraíso fiscal maltês
Mais de 150 mil documentos confidenciais que revelam os segredos da pequena ilha
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Em reação a essas publicações, o governo maltês rejeitou as acusações de "paraíso fiscal" contidas na investigação. "Não temos nada a acrescentar ao que dissemos", disse hoje um porta-voz do Ministério maltês das Finanças, que há dez dias vem desmentindo acusações semelhantes feitas por um ministro regional alemão.
De acordo com o Mediapart, o material - a ser publicado ao longo de duas semanas - é sobre a "otimização e evasão fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção" e se baseia "na lista completa de pessoas e entidades envolvidas nas 53.247 empresas registradas em Malta".
Entre elas estariam "grandes líderes empresariais", multinacionais como "Bouygues, Total, BASF, Ikea", ou bancos como "Reyl e JP Morgan", descreve o Mediapart. Além do Mediapart, a revista alemã Der Spiegel e os jornais Expresso (Portugal), El Mundo (Espanha), L'Espresso (Itália), Le Soir (Bélgica), Politiken (Dinamarca), Malta Today (Malta) e o "site" romeno The Black Sea fazem parte do projeto.
Segundo Der Spiegel, vários grupos alemães têm empresas registradas em Malta, como BMW, BASF, Deutsche Bank, Puma, Perck, Bosch, ou Rheinmettall. A gigante aérea Lufthansa possui "18 filiais em Malta", acrescenta o semanário alemão, garantindo que a empresa instalou seu "fundo de pensão" no país.
Contactadas por Der Spiegel, as empresas envolvidas disseram que sua presença em Malta é "legal" e que declaram ao Tesouro maltês. Em 10 de maio passado, o ministro das Finanças do estado regional de Renânia do Norte-Westphalia, Norbert Walter-Borjans, havia declarado que seu governo estava investigando cerca de 2.000 empresas de fachada registradas na ilha, após receber denúncias anônimas sobre o assunto. Algumas dessas companhias seriam ligadas aos principais grupos alemães e suspeitas de fraude.
De acordo com o L'Espresso, a Itália é, "de longe", o país mais representado nos "Malta Files", com cerca de 8.000 empresas maltesas controladas por acionistas italianos. A investigação envolveu 49 jornalistas de 16 países ao longo de quatro meses.