Juiz acusa Cristina Kirchner por corrupção e pede prisão preventiva

Juiz acusa Cristina Kirchner por corrupção e pede prisão preventiva

Hoje senadora, ex-presidente da Argentina tem foro privilegiado e permanece em liberdade

AFP

Cristina segue em liberdade por ter foro privilegiado

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A ex-presidente argentina Cristina Kirchner foi acusada formalmente por envolvimento no escândalo de subornos em troca de obras públicas conhecido como “Cadernos da corrupção”, informou a imprensa local nesta segunda-feira. A ex-presidente "é considerada chefe de uma associação ilícita", apontou o Centro de Informação Judicial (CIJ).

Com este caso, Cristina Kirchner (2007-2015) passa a responder a seis processos, mas continuará em liberdade por ter foro privilegiado mesmo após um pedido de prisão preventiva. Ela atualmente é senadora.

O juiz federal encarregado do caso, Claudio Bonadio, pediu ao Senado a suspensão do foro privilegiado de Kirchner. Bonadio também acusou e pediu a prisão preventiva de 17 ex-funcionários e 13 empresários. Deste total, cinco ex-funcionários e nove empresários permanecerão em liberdade por terem colaborado com a justiça, entre eles Ángelo Calcaterra, primo do presidente argentino, Mauricio Macri.

Outros sete empresários, quatro ex-funcionários e um ex-juiz estão sendo processados em liberdade. Bonadio também congelou 4 bilhões de pesos (cerca de 100 milhões de dólares) em bens de todos os processados.

Há três semanas, o juiz autorizou buscas e apreensões em três residências de Kirchner, uma em Buenos Aires e duas na Patagônia. Kirchner esteve duas vezes diante do juiz Bonadio, que investiga o pagamento de subornos milionários por parte dos mais importantes empresários argentinos para obter contratos de construção de obra pública entre 2003 e 2015.

A ex-presidente, que nega as acusações, pediu – sem sucesso – o impedimento do juiz e do procurador Carlos Stornelli. A justiça também lhe negou um pedido de adiamento de audiência e Kirchner será interrogada nesta terça-feira pelo juiz Sebastián Casanello, em outra causa, que investiga suposta lavagem de dinheiro. Kirchner está sendo investigada ainda por suposta corrupção e acobertamento a iranianos no caso do atentado à AMIA.

"Máquina de procedimentos escusos"


Em uma extensa decisão, de 500 páginas, Bonadio concluiu que "a associação ilícita foi comandada por (já falecido) Néstor Kirchner e Cristina Kirchner", durante cujos governos funcionou na Argentina "uma máquina de procedimentos escusos para tirar dinheiro do Estado". O objetivo era "distribuir propinas entre funcionários corruptos pagas por um seleto grupo de empresários que também encheram seus bolsos mediante concessões para obras públicas", segundo o magistrado.

Bonadio considerou que "o produzido por esses subornos era usado" para financiar ilegalmente campanhas eleitorais ou "vinculadas à gestão política do governo e de organizações-satélite para comprar vontades do Poder Judiciário" ou "tarefas de Inteligência política".

"Mas o grosso desses fundos foi destinado a aumentar de maneira espúria e ilegal o patrimônio pessoal de quem, entre os anos 2003 e 2015, ocupou os mais altos cargos da República", destacou o juiz.

O escândalo veio à tona após a revelação de anotações de um motorista do ministério do Planejamento que entregava as propinas sob a forma de malas de dinheiro. Essas anotações, feitas em cadernos escolares, se somaram às confissões de uma dúzia de envolvidos que decidiram colaborar com a justiça.

Em um vídeo divulgado no domingo, a ex-presidente mostrou alguns danos durante os três dias de busca em sua casa em El Calafate e responsabilizou o juiz. "Foi mais um capítulo de humilhação e perseguição", denunciou.

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