Líder da Catalunha convoca Parlamento para discutir "ataque à democracia" feito por Madri
Carles Puigdemont afirma que o governo espanhol autoproclamou-se, de maneira ilegítima, representante dos catalães
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Parlamento local deve se reunir, sem data prevista ainda, para traçar uma estratégia contra o "ataque à democracia" feito pelo governo central de Madri.
“Pedi ao Parlamento para nos reunirmos numa sessão plenária durante a qual nós, os representantes da soberania popular, poderemos responder a esta tentativa para liquidar o nosso governo e a nossa democracia e agirmos em conformidade”, disse. Mais cedo, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, invocou o artigo 155 da Constituição e anunciou o afastamento de Puigdemont bem como a convocação de eleições em até seis meses. No começo do mês, separatistas fizeram um plebiscito não-autorizado por Madri no qual o pedido de independência venceu com mais de 90% dos votos.
“O Governo espanhol autoproclamou-se, de maneira ilegítima, representante da vontade dos catalães. Sem passar pelas urnas, sem nenhum apoio e contra a vontade da maioria, o governo de Mariano Rajoy pede um diretório para dirigir a vida da Catalunha a partir de Madri”, afirmou o líder catalão na declaração. "Este é o maior ataque ao Estado democrático de direito realizado desde a ditadura do general Franco", afirmou, em referência ao governo ditatorial que liderou a Espanha de 1936 a 1975.
O processo de intervenção de Madri na Catalunha será definido na próxima semana. Na terça-feira, o Senado vai formar uma comissão de 27 parlamentares para analisar as medidas propostas por Rajoy. Na quinta-feira, o próprio Puigdemont tem até o meio-dia (8h de Brasília) para fazer a defesa oral. As medidas serão votadas no plenário da Câmara alta na sexta-feira.
Neste sábado, milhares de pessoas tomaram as ruas de Barcelona, onde fica a sede do governo catalão, contra as medidas anunciadas por Rajoy e pela libertação dos líderes separatistas Jordi Sanchez e Jordi Cuixart, presos por crime de sedição. A polícia local de cidade, a Guarda Urbana, registrou um total de 450 mil manifestantes, mais do dobro que no último protesto separatista, na terça-feira.