Líderes europeus defendem direito de asilo de refugiados

Líderes europeus defendem direito de asilo de refugiados

Centenas de imigrantes continuavam a atravessar a fronteira sérvio-húngara

AFP

Imigrantes continuavam a atravessar a fronteira sérvio-húngara apesar da conclusão de uma cerca de arame farpado

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Vários líderes europeus defenderam neste domingo o direito de asilo dos refugiados, num momento em que centenas de migrantes continuam a atravessar a fronteira húngara, um dos pontos de entrada da União Europeia. O primeiro-ministro francês e os chefes da diplomacia italiana e francesa se pronunciaram a favor de uma rápida intervenção em favor da concessão de asilo aos refugiados, enquanto Berlim, Londres e Paris convocaram uma reunião ministerial nas próximas duas semanas "para avançar concretamente" ante a crise migratória.

Em uma declaração conjunta, os ministros francês, alemão e britânico do Interior – Bernard Cazeneuve, Thomas de Maizière e Theresa May – ressaltaram "a urgência de criar, o mais tardar antes do final do ano, na Grécia e na Itália" centros de triagem para separar as pessoas em situação de refugiado e os migrantes econômicos ilegais. Os três ministros também defenderam o estabelecimento, "muito rapidamente", de uma "lista de países de origem segura", a fim de "completar o Sistema de Asilo Europeu Comum, proteger os refugiados e assegurar a eficácia do retorno de imigrantes ilegais para os seus países de origem."

A Itália fará da obtenção "do direito europeu de asilo" sua batalha dos próximos meses, assegurou neste domingo o primeiro-ministro Matteo Renzi. "A Europa deve parar de se comover e começar a se mover. Devemos escolher, finalmente, (...) ter uma política europeia de imigração, com um direito europeu de asilo", insistiu em entrevista ao Corriere della Sera. Os imigrantes que "fogem da guerra, da perseguição, tortura, opressão, devem ser acolhidos", insistiu o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. "Cada pedido de asilo deve ser considerado rapidamente", acrescentou Valls, em um discurso em La Rochelle (oeste). "Os imigrantes devem ser tratados com dignidade, protegidos, bem cuidados".

O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, considerou por sua vez neste domingo "escandalosa" a atitude de alguns países do leste europeu ante a crise de refugiados. "Quando eu vejo alguns países europeus que não aceitam as quotas (distribuição de exilados), considero isso escandaloso", disse aos veículos Europe 1, i-TV e Le Monde, acrescentando que estes países estão "no leste da Europa". Na mesma linha, o papa Francisco denunciou neste domingo a morte de 71 imigrantes – provavelmente sírios – encontrados na quinta-feira em um caminhão abandonado numa estrada entre Budapeste e Viena, exigindo "uma cooperação eficaz" contra "crimes que ofendem a humanidade ".

Trapos presos ao arame farpado

Enquanto isso, centenas de imigrantes continuavam neste domingo a atravessar a fronteira sérvio-húngara, apesar da conclusão de uma cerca de arame farpado pela Hungria de 175 km ao longo fronteira. No início da manhã, um grupo de cerca de 200 pessoas atravessou a fronteira, constatou um jornalista da AFP. A polícia indicou que 3.080 pessoas haviam cruzado a fronteira no sábado.

Hoje, poucos eram os imigrantes a entrar na Hungria passando por debaixo da cerca de arame farpado, onde era possível ver muitos pedaços de roupa. A grande maioria se dirigia à linha férrea onde nenhuma barreira foi erguida, e onde os trens passam a baixa velocidade. As autoridades húngaras instalaram para os imigrantes tendas, banheiros químicos e cestos de lixo. Na chegada, eles são levados para campos de registro de refugiados. Membros das forças especiais da polícia também eram vistos revistando os campos com cães.

"Eu venho da Síria, e estou na estrada há um mês", relatou um dos imigrantes, que logo perguntou: "onde está a fronteira da Hungria?", sem saber que acabara de atravessá-la pelos trilhos. Este homem explicou em inglês fluente que viajava com seu bebê e o tio dele, e que havia sido roubado durante a noite. A longa jornada iniciou em um barco sobrecarregado para a Turquia, depois para a Grécia, antes de passar pela Macedônia e Sérvia.

Além disso, em Budapeste, um quinto suspeito, um búlgaro, foi preso pela polícia húngara na madrugada deste domingo como parte da investigação sobre o caminhão que continha 71 corpos de imigrantes, informou a polícia neste domingo. Quatro homens – três búlgaros e um afegão – haviam sido presos na sexta-feira. Segundo os primeiros elementos da investigação, os suspeitos seriam os "executores" de uma quadrilha de tráfico de seres humanos, e os 71 imigrantes morreram asfixiados.

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