Liberdade de imprensa vive nível mais baixo em dez anos

Liberdade de imprensa vive nível mais baixo em dez anos

Brasil baixou de ranking desde 1995 e tem classificação de "parcialmente livre"

AFP

Brasil baixou de ranking desde 1995 e tem classificação de "parcialmente livre"

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A liberdade de imprensa no mundo vive seus níveis mais baixos em dez anos, afetada pelas legislações baseadas na segurança, na intimidação e na ingerência de proprietários de meios de comunicação, segundo um documento publicado nesta quarta-feira. O Brasil, quem em 1995 chegou a figurar como um país de "imprensa livre", apresentou piora em todas as avaliações da organização de defesa dos direitos humanos Freedom House e é considerado, desde 2000, apenas parcialmente livre. De acordo com a organização os "jornalistas enfrentaram em 2014 uma intensificação das pressões provenientes de todo lado".

"Os governos utilizam as leis baseadas na segurança e de luta contra o terrorismo como pretexto para calar as vozes críticas, os grupos de pressão e os grupos criminosos utilizam táticas cada vez mais descaradas para intimidar os jornalistas, e os proprietários de meios de comunicação tentam manipular o conteúdo das informações em favor de seus interesses políticos e econômicos", advertiu a organização.

Uma das "evoluções mais preocupantes" foi a mobilização dos países democráticos ante o aumento de propaganda dos regimes autoritários e dos grupos ativistas, explicou Jennifer Dunham, responsável pelo estudo. "O perigo é que em vez de impulsionar um jornalismo honesto e objetivo e a liberdade de informação como um antídoto adequado, as democracias recorram à censura e a sua própria propaganda", prosseguiu.

Do total de 199 países e territórios analisados para o documento, 63 foram classificados de livres para os meios de comunicação, enquanto 71 foram descritos como parcialmente livres e 65 não livres. Apenas 14% dos habitantes do planeta vivem em um país com uma imprensa livre, 42% em um país com uma imprensa parcialmente livre e 44% em países que não autorizam a liberdade de imprensa, revelou a Freedom House.

A avaliação sobre os Estados Unidos caiu devido às prisões, ao assédio e aos tratamentos brutais aplicados aos jornalistas pela polícia durante as manifestações, por vezes violentas, em Ferguson, Missouri (centro). O retrocesso também foi observado no continente americano em Honduras, Peru, Venezuela, México e Equador.

A Europa é a melhor aluna, mas também a região que piorou mais em 10 anos devido, sobretudo, ao tratamento que os jornalistas na Rússia recebem. A organização ressaltou a piora da situação na China, onde "as autoridades reforçaram o controle dos meios de comunicação", e as condições difíceis em Síria, Argélia, Nigéria e Etiópia.

A Tunísia "registrou a melhor nota de todos os países árabes", ressaltou a Freedom House, declarando que apenas 5% dos habitantes da região Ásia-Pacífico gozam de uma imprensa livre e 2% o fazem nos países do Oriente Médio e da África do Norte.

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