Lula diz a Obrador que invasão da embaixada mexicana no Equador é “grave ruptura”

Lula diz a Obrador que invasão da embaixada mexicana no Equador é “grave ruptura”

Presidente brasileiro manifestou apoio e disse que vai monitorar tratamento do episódio pela Comunidade de Estados Latino-Americanos

Estadão Conteúdo

Lula reforçou apoio ao aliado mexicano

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que considera a invasão da embaixada do México no Equador “uma grave ruptura” do direito internacional. Lula telefonou ao presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, ocasião em que “manifestou solidariedade” ao governo do aliado político. As informações foram divulgadas pela Presidência da República.

Segundo o Palácio do Planalto, Lula disse a Obrador que o Brasil vai monitorar o tratamento do episódio por meio da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). A Organização dos Estados Americanos (OEA) também criticou o governo do Equador. A violação da embaixada não tem precedentes na região e causou ainda mais tensionamento político, com forte reação de governantes de esquerda e de direita.

O Itamaraty já havia comunicado, por meio de nota, que o governo brasileiro condenava, nos mais firmes termos, a ação empreendida por forças policiais equatorianas. "A medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, cabendo ser objeto de enérgico repúdio, qualquer que seja a justificativa para sua realização”, disse o Ministério das Relações Exteriores.

Obrador anunciou a Lula que vai mover um processo contra o Equador na Corte Internacional de Justiça (CIJ). O México rompeu relações diplomáticas com o Equador, de Daniel Noboa, de direita. A Nicarágua, do ditador Daniel Ortega, somou-se aos mexicanos e decidiu por romper laços, que já estavam deteriorados.

Na noite de sexta-feira, forças de segurança equatorianas invadiram a embaixada mexicana em Quito para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas. Ele buscava asilo político e estava abrigado na embaixada desde 17 de dezembro, depois de ter sido condenado à prisão, entre outros, por crime de peculato, em casos de corrupção.

Na esteira de ataques de facções criminosas que provocaram mobilização internacional, o governo de Daniel Noboa alegou que vive um conflito armado interno no país e que o "abuso de imunidades e privilégios por missões diplomáticas poderia agravar a situação”. O governo de Noboa tem tentado buscar sair de um isolamento e justificar o ato, considerado amplamente como uma violação clara à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. O tratado prevê a inviolabilidade das embaixadas e uma série de imunidades a autoridades diplomáticas estrangeiras.

Os agentes de segurança de um país onde as embaixadas estão sediadas somente podem entrar em para cumprir ordens judiciais com aval do chefe da missão, o que não ocorreu. A diplomacia equatoriana disse ter pedido ao México aval para a Polícia Nacional prender Glas na embaixada, o que teria sido negado. Segundo o governo Noboa, o México estaria interferindo em assuntos internos do país e afetando instituições democráticas equatorianas, ao impedir o cumprimento de ordens judiciais de captura.


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