Macron e Le Pen se enfrentam em debate antes do segundo turno da eleição francesa
Candidato centrista e pró-europeu lidera as pesquisas, com cerca de 60% dos votos
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Após dez dias de uma campanha cheia de troca de farpas entre os dois turnos da eleição presidencial, Emmanuel Macron lidera as pesquisas, com cerca de 60% dos votos, mas a diferença parece diminuir, com uma Le Pen muito ofensiva. A abstenção deve variar entre 22 e 28% no domingo.
O fracasso do arauto da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon e do conservador François Fillon na primeira fase da eleição deixou um gosto amargo em um grupo de eleitores que se recusam a escolher entre "a peste e a cólera". "Estamos em uma zona de perigo absoluto. Não podemos jogar a democracia na roleta russa", alertou nesta quarta-feira a ministra socialista da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, enquanto alguns eleitores da esquerda planejam se abster ou votar em branco. À direita, o partido Os Republicanos advertiu que os eleitores que se "aproximarem da Frente Nacional" para a presidência serão excluídos.
A candidata da extrema-direita não parou de cortejar os eleitores de Mélenchon, dos quais menos de 20% devem votar nala, enquanto quase a metade votará em Emmanuel Macron, cujo programa defendido é social-liberal e pró-europeu, de acordo com várias pesquisas. Para o enfrentamento nesta quarta-feira, dois dias antes do fim oficial da campanha, Emmanuel Macron, de 39 anos, prometeu um "corpo a corpo" com a sua adversária da extrema-direita, que "defende um projeto que eu considero perigoso". "Está cada vez mais febril (...) Eu aconselho-o a manter a calma", respondeu Marine Le Pen.
Euro será tema central
De acordo com a equipe do ex-ministro da Economia, será a "oportunidade de mostrar as fragilidades do programa" de sua oponente, "como este recuo total sobre a saída do euro", que não aparece mais como prioridade da candidata da
Frente Nacional, enquanto a maioria dos franceses são contra um abandono da moeda única. O debate televisionado entre os dois turnos é um dos pontos altos da campanha presidencial na França, onde, para além dos projetos, as personalidades dos candidatos são evidenciadas.
A audiência pode, contudo, sofrer com a semi-final da Liga dos Campeões, disputada na mesma hora entre Mônaco e Juventus. "Depois de meses de campanha este será o último ato. É um ritual, um espetáculo, uma luta de boxe, onde todos buscam o nocaute. Mas os dois candidatos também devem mostrar ser capazes de se tornar presidentes", aponta Christian Delporte, historiador especialista em comunicação política.
Os dois rivais devem debater sobre o lugar da França na União Europeia, segurança, mercado de trabalho e educação. Os programas são diametralmente opostos. O discurso de Emmanuel Macron, liberal em termos de economia e sociedade, atrai a juventude urbana, a classe média e a comunidade empresarial. Marine Le Pen, anti-imigrante, anti-Europa e antissistema, seduz a classe trabalhadora, rural, "invisível", e captura os franceses vítimas de um desemprego endêmico e suas consequências.