Maduro diz que acordos sobre eleições na Venezuela estão “mortalmente feridos”

Maduro diz que acordos sobre eleições na Venezuela estão “mortalmente feridos”

Declaração acontece após denúncias do chavismo no poder de “planos” para assassiná-lo

AFP

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse, nesta quinta-feira, que os acordos com a oposição sobre as eleições presidenciais de 2024 estão 'mortalmente feridos', após denúncias do chavismo no poder de 'planos' para assassiná-lo. "Os acordos de Barbados estão mortalmente feridos”, disse Maduro, em alusão a um documento assinado em outubro passado no âmbito de um processo de diálogo intermediado pela Noruega, no qual foi pactuada a realização de eleições presidenciais no segundo semestre do ano, com observação internacional.

"Declaro-os em terapia intensiva, apunhalados, chutados. Tomara que possamos salvar os acordos de Barbados e impulsionar, através do diálogo, grandes acordos de consenso nacional (...) sem planos para me assassinar, nos assassinar ou encher o país de violência”, acrescentou o presidente perante funcionários do alto escalão de seu governo. Mais cedo, em uma declaração que colocou em dúvida as negociações, o chefe da delegação do governo de Maduro e presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, havia dito que haverá eleições em 2024 'com ou sem acordo de Barbados'.

Os acordos, nos quais os Estados Unidos desempenharam um papel importante, também serviram para pressionar por um mecanismo para impugnar inabilitações que impediriam a candidatura de líderes como María Corina Machado, que venceu nas primárias da principal aliança opositora.

“Não há como essa mulher ser candidata a nada em nenhuma eleição”, advertiu Rodríguez, que, por sua vez, disse que Maduro buscará a reeleição, embora o líder socialista tenha dito no início do ano que ainda era 'prematuro' confirmar sua candidatura. "Eles têm que aceitar que eu não estou inelegível e que vou ser candidata. Eles não vão gostar? Com certeza”, declarou na quarta-feira Machado em entrevista à CNN En Español.

As denúncias de tentativas de magnicídio são frequentes no chavismo, que completa 25 anos no poder. As autoridades anunciaram na semana passada mais de 30 prisões, entre civis e militares, por cinco supostas conspirações em 2023 e início de 2024, nas quais estariam envolvidos líderes da oposição, agentes de inteligência dos Estados Unidos e do Exército da Colômbia, todos alvos habituais do governo venezuelano nesse tipo de acusação.

'Venham' verificar

Rodríguez revisou as provas das supostas conspirações, incluindo vídeos com depoimentos dos acusados apresentados na semana passada pelo procurador-geral, Tarek William Saab.

Ele pediu aos facilitadores da Noruega para 'verificar' o estado dos acordos. "Eles ficam dizendo 'queremos verificar o estado dos acordos'', disse. 'Venham (...) para que possamos entregar todas as provas a vocês, e vocês terão que fazer algo”. Rodríguez garantiu que enviaria essas provas aos membros da delegação negociadora da oposição, esperando um pronunciamento de rejeição.

A coalizão opositora Plataforma Unitária, que reafirmou seu apoio a Machado, classificou as denúncias do chavismo como 'ficção' em um comunicado.'Capítulos inteiros de histórias de ficção são apresentados a cada ano, que vão desde magnicídios, golpes de Estado ou conspirações de todo tipo, e que servem de argumento para empreender uma repressão seletiva contra a oposição venezuelana, aumentando o número de reféns políticos, que depois são usados como peças de troca em processos de negociação'.

Segundo Maduro, o governo informou Gerardo Blyde, chefe da representação da Plataforma, de 'uma grave conspiração' e de 'laços que essa conspiração tinha com um dos nomes dessa oligarquia', como o mandatário costuma se referir aos seus detratores. Segundo as autoridades, os planos não foram divulgados na época para não atrapalhar as negociações do governo com a oposição e, paralelamente, com os Estados Unidos.

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