Mais de nove mil homens caçam suspeito de ataque em Boston

Mais de nove mil homens caçam suspeito de ataque em Boston

Polícia americana pede que moradores não saiam de casa

AFP

FBI divulga cartaz do suspeito procurado em Boston

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Um exército de mais de nove mil policiais e soldados, apoiado por tanques e helicópteros, vasculha a cidade de Boston, nos Estados Unidos, e seus arredores em busca de um dos suspeitos do atentado na maratona da cidade, ocorrido na última segunda-feira. A caçada é acompanhada e transmitida ao vivo pelas redes de televisão.

Os principais suspeitos foram identificados como irmãos. O mais velho, Tamerlane Tsarnaev, de 26 anos, foi morto ainda durante a madrugada desta sexta-feira durante a operação policial. O mais novo, Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, segue sendo procurado.

Explosão controlada

Autoridades americanas informaram que irão realizar uma explosão controlada antes de inspecionarem uma residência que pode ter sido utilizada pelos dois suspeitos. Eles também mantiveram a ordem para que os moradores da região permaneçam em casa, com o objetivo de que a caçada seja estendida e novas pistas sejam seguidas, disseram.

O coronel da polícia Timothy Alben disse à imprensa que a explosão por precaução seria realizada para a segurança dos policiais antes da vistoria na casa. A busca agora está focada em Watertown e Cambridge, nos subúrbios de Boston, onde os irmãos viviam. "Estamos avançando neste bairro, indo porta a porta, rua a rua. Estamos com mais de 60% ou 70% do que queremos cobrir", informou o chefe da polícia estatal. "Recebemos novas pistas que se desenvolveram nos últimos minutos e estamos trabalhando nisso", acrescentou Alben.

O governador de Massachusetts, Deval Patrick, disse que o pedido para permanecer em casa continuará. "Há avanços contínuos na investigação", disse Patrick, acrescentando que é importante que as pessoas permaneçam com as portas fechadas devido ao perigo que o suspeito representa.

Moradores relatam confronto e tiroteio

Em Watertown, perto do campus do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o estudante Jonathan Crespo assistia ao filme "A Hora Mais Escura", de Kathryn Bigelow, que relata a caçada a Osama Bin Laden pelo serviço secreto americano quando percebeu a movimentação próximo a sua casa. "Minha noiva pensou ter ouvido carros de polícia, eu achei que ela estivesse sob a influência do filme. Mas, logo em seguida, vi muitos veículos, e ouvi algum tipo de explosão, provavelmente uma granada", contou Jonathan.

Pouco tempo depois, Tsarnaev - que o FBI havia identificado antes como o "suspeito número 1" - morreu após um tiroteio com a polícia. "Eu fiquei com muito medo. Eu realmente não esperava por isso", declarou Crespo. Outro morador do bairro, Yvonne Alaykib, contou que a troca de tiros ecoou no escuro: "Era como se fosse um combate, não parava nunca, foi assustador", descreveu.

Ao ouvir as explosões, o médico David Schoenfeld, que vive em Watertown, decidiu ir para o hospital, Beth Israel. Ele chegou a tempo para cuidar de Tsarnaev na emergência, para onde foi levado após o tiroteio com a polícia. "Quando o paciente chegou, ele estava em estado crítico", declarou o médico aos repórteres.

Tio de suspeitos pede para sobrinho se entregar

O tio dos dois jovens suspeitos de terem provocado as explosões na maratona de Boston pediu para que o sobrinho se entregue e peça perdão às vítimas do pior ataque terrorista nos Estados Unidos desde 11 de setembro de 2001. "Dzhokhar, se você está vivo, se entregue e peça perdão", pediu Ruslan Tsarni.

Em uma entrevista muito emocionada de 10 minutos à imprensa, em frente a sua casa em Maryland, o homem disse que seus sobrinhos "envergonharam todo o povo da Chechênia" e expressou o desejo de que se desculpe pessoalmente com as vítimas. "Eu estou pronto para me curvar na frente deles, me ajoelhar na frente deles buscando seu perdão", afirmou Tsarni.

Tsarni disse que está em situação legal nos Estados Unidos e que sua família é composta de muçulmanos chechenos. Mas ele afirmou que os dois suspeitos nunca foram à Chechênia, uma região majoritariamente muçulmana no sul da Rússia, e é improvável que estejam envolvidos nos conflitos que atingiram a região nos últimos anos. "Se isso aconteceu, provavelmente alguém os radicalizou".

Tsarni disse que seus sobrinhos chegaram aos Estados Unidos provenientes do Quirguistão, na Ásia Central, em 2003, e receberam asilo, mas ele os chamou de perdedores que não conseguiram se integrar ao estilo de vida americano. Quando perguntado sobre as razões pelas quais eles podem ter se voltado para o terrorismo, ele disse: "Ódio em relação àqueles que conseguiram se adaptar. Estas são as únicas razões que eu posso imaginar. Qualquer outra coisa, qualquer outra coisa ligada à religião, ao Islã, é uma fraude", disse. "É mentira", ressaltou.

Tsarni disse estar angustiado e envergonhado pelo que ocorreu. "Claro que estamos envergonhados", disse. "Respeito este país. Amo este país, que dá a chance para que todos sejam tratados como seres humanos.... isso é o que eu sinto sobre este país".

Já o suposto pai dos suspeitos alega que os filhos são inocentes, afirmando que eles caíram em uma "armadilha". "Em minha opinião, os serviços especiais armaram uma armadilha para os meus filhos porque são muçulmanos fervorosos", declarou Anzor Tsarnaev, à agência Interfax, falando da capital do Daguestão, Makhatchkala.

FBI divulgou cartaz com identidade e foto do suspeito procurado | Foto: FBI / AFP / CP


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