Manifestantes venezuelanos voltam a entrar em confronto com forças de Maduro

Manifestantes venezuelanos voltam a entrar em confronto com forças de Maduro

Centenas de apoiadores do líder da oposição Juan Guaidó estão nas ruas de Caracas

AE

Oficiais usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar opositores

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Manifestantes contrários ao regime do presidente Nicolás Maduro voltaram a entrar em confronto, nesta quarta-feira, com forças de segurança da Venezuela. Os oficiais usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar opositores reunidos no bairro de El Paraíso, na zona Oeste da capital Caracas. Alguns manifestantes pediram aos agentes que parassem de atirar na população e muitos permaneceram no local apesar das ações dos policiais.

As centenas de apoiadores do líder da oposição Juan Guaidó estão nas ruas de Caracas atendendo ao apelo por mais protestos. Guaidó deve participar nas manifestações, segundo a sua equipe de comunicação. "O que estamos vivendo é um inferno, sem água, sem eletricidade, sem remédios. Tenho fé que o povo nas ruas vai conseguir fazer a onda voltar", disse Evelinda Villalobos, de 58 anos, do estado de Zulia.

Ontem, o dia foi marcado por violência, que deixou cerca de 100 feridos. O levante liderado por Guaidó na terça não conseguiu abalar o apoio da cúpula militar a Nicolás Maduro. O movimento opositor perdeu força quando o alto comando militar reiterou lealdade ao líder chavista. Vinte e cinco militares rebelados solicitaram asilo na embaixada do Brasil em Caracas.

Ao proclamar a derrota dos adversários, Maduro advertiu que a "escaramuça golpista" não ficará impune, sem mencionar diretamente seu oponente. Guaidó está na mira da justiça desde que foi despojado de sua imunidade parlamentar pela Assembleia Constituinte, que o acusa de "usurpar" as funções presidenciais. O governo Maduro reprimiu manifestações em Caracas e nas principais cidades do país. O presidente conseguiu manter a coesão das Forças Armadas, com comandantes do exército proclamando publicamente sua lealdade ao líder socialista.

À noite, um dos principais opositores do governo, Leopoldo López, padrinho e mentor político de Guaidó e que desafiou sua prisão domiciliar para se unir ao movimento, se refugiou em embaixadas estrangeiras. Hoje, o governo da Espanha confirmou que Lopez e sua família estavam na residência do embaixador espanhol em Caracas, depois de terem inicialmente buscado a representação chilena no país. 

"Último erro" 

Após a insurreição fracassada, os Estados Unidos alertaram o ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino, de que ele está diante da "última oportunidade" de romper com Maduro. Segundo John Bolton, assessor de segurança do governo americano, Padrino havia prometido apoiar a "derrubada" do presidente. Maduro "tinha um avião na pista, estava pronto para partir (...) mas os russos disseram que ele deveria ficar", afirmou o secretário de Estado Mike Pompeo à CNN, indicando que o governante estava planejando fugir para Havana. Guaidó defendeu essa versão, mas Maduro negou: "Até onde vai a falta de seriedade, a insensatez, a loucura, a mentira". A Casa Branca, que nesta quarta-feira reiterou que uma ação armada "é possível", se necessária, alertou em várias ocasiões que prender Guaidó seria o "último erro da ditadura". 


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