Manuscrito de livro de Bolton afeta julgamento político contra Trump
Revelações aumentam a pressão contra os republicanos no Senado para que aceitem Bolton como testemunha
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Os advogados do presidente Donald Trump retomam nesta segunda-feira a defesa do americano no julgamento político submetido ao Senado, ao mesmo tempo em que são divulgadas informações reveladoras contidas no manuscrito do livro do seu ex-conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton. As revelações aumentam a pressão contra os republicanos no Senado para que aceitem receber Bolton como testemunha durante o julgamento de impeachment do atual presidente americano, algo que os democratas têm insistido em pedir às partes julgadoras para ser acatado.
Segundo informou o jornal "The New York Times" no último domingo, Bolton escreveu que o presidente lhe revelou que a ajuda militar à Ucrânia seria liberada somente após Kiev investigar o potencial rival eleitoral do magnata americano para as próximas eleições americanas, marcadas para novembro deste ano, o democrata Joe Biden. Trump é acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso por causa do escândalo ucraniano. No caso, ele é acusado de pressionar Kiev a investigar Joe Biden e obstruir a Justiça por ter tentado impedir a investigação.
Nesta segunda-feira, Trump negou ter dito a Bolton que a ajuda militar à Ucrânia estivesse condicionada à investigação de Kiev sobre os seus rivais políticos. "Nunca disse a John Bolton que a ajuda (militar) à Ucrânia estava vinculada a investigações aos democratas, incluindo Biden. De qualquer forma, ele nunca comentou sobre isso desde a sua demissão", escreveu Trump em seu Twitter, na manhã desta segunda-feira.
I NEVER told John Bolton that the aid to Ukraine was tied to investigations into Democrats, including the Bidens. In fact, he never complained about this at the time of his very public termination. If John Bolton said this, it was only to sell a book. With that being said, the...
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 27, 2020
"Nada de mal"
Citando o manuscrito inédito de Bolton, o New York Times escreveu que Trump teria dito a Bolton que congelaria US$ 391 milhões em ajuda militar à Ucrânia até que a Inteligência de Kiev o ajudasse em uma investigação sobre Biden e seu filho Hunter, que fez parte da diretoria de uma empresa de gás ucraniana. "Não vi o manuscrito", afirmou Trump aos jornalistas quando questionado sobre o livro de Bolston, que foi enviado à Casa Branca para obter uma autorização de segurança.
No início das alegações da defesa do atual presidente, no último sábado, o advogado da Casa Branca, Pat Cipollone, afirmou que Trump "não fez nada de mal" e que cabe aos eleitores, e não ao Congresso, decidir nas próximas eleições se o governo deve ou não continuar. Segundo a defesa, a retenção da ajuda à Ucrânia não estava vinculada a investigação de Biden, algo que as revelações do manuscrito de Bolton contradizem.
A maioria republicana na Casa, que tem 53 das 100 cadeiras, é um forte indício de que o julgamento provavelmente terminará com a absolvição do presidente. Também é necessária uma maioria de dois terços para que o impeachment contra Trump seja aprovado, ou seja 67 votos a favor do seu julgamento.