Mesmo com morte de líder, as Farc informam que vão se manter armadas

Mesmo com morte de líder, as Farc informam que vão se manter armadas

Presidente da Colômbia disse que está aberto a um diálogo

Agência Brasil

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O comando das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) informou que, mesmo após a morte de seu líder, Alfonso Cano, será mantida a mobilização da guerrilha. Em comunicado, as Farc informam que “a queda do camarada Cano simboliza a resistência do povo colombiano”. O movimento acrescenta, na nota, que “a paz na Colômbia não nascerá de nenhuma desmobilização guerrilheira, mas sim da abolição definitiva das causas que fizeram surgir a revolta.”

Para o professor de ciência política da Universidade Pontifícia Javeriana, Pedro Valenzuela, a guerra entre as Farc e o governo do presidente Juan Manuel Santos não está perto do fim. “Tanto o governo quanto as Farc têm condições de continuar em guerra. Do contrário, já teriam buscado negociar sem combate, com diálogo. A guerrilha sofreu baixas importantes, mas tem estrutura militar, recursos e estratégias para seguir com mudanças no comando”, disse

O analista em conflitos e paz Victor de Currea Lugo acrescentou que o problema central é a intolerância presente nas duas partes do conflito. “A Colômbia é um país muito polarizado. O governo fala em entrega de armas e diz que as Farc chegaram ao seu ponto de inflexão. A guerrilha, por sua vez, não parece se ver assim. Ao contrário, eles mantêm o mesmo discurso combativo de antes e não apresentam pontos de diálogo”, acrescentou.

Para Valenzuela, as Farc querem manter sua ideologia e princípios. “As Farc são um movimento agrário. Eles querem a redistribuição de terras e vão querer sempre. Se o Estado não considerar esse ponto, não haverá abertura por parte do grupo.”

O professor disse ainda que há receio, por parte do comando das Farc, sobre a falta de segurança que pode ser enfrentada porque não há garantias jurídicas nem políticas que o grupo não possa sofrer ações de extermínio caso se reintegre à sociedade. “Nos anos 1980 e 1990, vimos na Colômbia o extermínio, por paramilitares, dos integrantes da União Patriótica (partido ligado às Farc), logo após um processo de negociação de paz. Por isso, uma coisa é o Estado convidar à reintegração, outra coisa é oferecer garantias”, observou.

Paralelamente, a morte do líder das Farc faz surgir uma espécie de bolsa de apostas sobre quem o sucederá. Os palpites envolvem Timochenko, cujo nome verdadeiro é Rodrigo Londoño, e Luciano Marín Arango, conhecido como Iván Marquez. Refugiado na Serrania del Perijá, na divisa entre a Colômbia e a Venezuela, Marquez era amigo de Cano e tem a experiência de 34 anos de guerrilha. Ele tem muita afinidade ideológica com os antigos líderes do movimento e já participou de processos de diálogo pela paz anteriormente. Timochenko, o mais antigo membro do secretariado das Farc, é considerado por autoridades colombianas como o grande estrategista militar do grupo.

Diálogo

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, reiterou que está aberto a um diálogo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e convidou a guerrilha a abandonar as armas. "Sempre disse que o diálogo não está encerrado, que a porta ao diálogo não está fechada com chave, mas insisto em que precisamos de sinais muito claros, que o terrorismo acabe."



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