Migrante acusado de provocar incêndio que matou 39 pessoas é preso no México

Migrante acusado de provocar incêndio que matou 39 pessoas é preso no México

Suspeito de ter incendiado colchões na cela que compartilhava com 67 pessoas seria um cidadão venezuelano

AFP

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Autoridades do México confirmaram nesta sexta-feira a captura do migrante acusado de ter provocado o incêndio que matou 39 pessoas em um centro de detenção de estrangeiros sem documentos em Ciudad Juárez, na fronteira com os Estados Unidos.

Até o momento, foi anunciada a prisão de cinco dos supostos responsáveis pela tragédia, ocorrida na noite de segunda-feira. Não foi especificado se o migrante era uma destas pessoas.

Falta ser executada a captura de um segurança privado, informou em entrevista coletiva a promotora especializada em Direitos Humanos Sara Irene Herrerías. Ela não revelou a nacionalidade nem o nome do migrante suspeito de ter incendiado colchões na cela que compartilhava com 67 pessoas, em meio a um protesto motivado por uma possível deportação.

Segundo a imprensa local, trata-se de um cidadão venezuelano. "Sobre o migrante, a prisão foi feita com a atenção consular do país de origem, uma vez que foi solicitado e nos foi concedido o mandado de prisão", declarou a promotora.

A estação migratória foi fechada, anunciou na mesma entrevista a a secretária de Segurança, Rosa Icela Rodríguez.

O presidente Andrés Manuel López Obrador garantiu que o caso não ficará impune e viajou nesta sexta-feira a Ciudad Juárez para verificar o atendimento médico aos sobreviventes. Vários deles estão em estado grave, principalmente devido a "queimaduras graves nas vias respiratórias", informou o Hospital Geral local, onde 11 dos 28 feridos estavam internados.

A secretária de Segurança se comprometeu a investigar denúncias de violações dos direitos humanos cometidas por funcionários do Instituto Nacional de Migração.

Pedido

Mais cedo, López Obrador renovou em entrevista coletiva seu pedido aos Estados Unidos para que destine mais recursos para prevenir a migração irregular em regiões pobres da América Latina, após a morte de 39 migrantes no centro de detenção mexicano.

Sem detalhar a cifra, o presidente do México disse que o investimento de Washington na América Central é insignificante diante dos bilhões de dólares destinados em ajuda militar para que a Ucrânia enfrente a invasão russa.

"Desde que cheguei (ao poder em 2018) há evidências de que venho (...) pedindo ao governo dos Estados Unidos que olhe para os migrantes para que não se vejam na necessidade de deixar suas cidades", disse o presidente.

O presidente lembrou que o México destinou US$ 100 milhões (R$ 512 milhões) a programas sociais em El Salvador, Honduras e Guatemala, o que contribuiu, segundo ele, para dissuadir muitos jovens de deixar suas comunidades. "O que pedimos ao governo dos Estados Unidos é que, se estamos alocando US$ 100 milhões, ponham vocês, ajudem, e não fizeram isso. Nem com o presidente (Donald) Trump atingimos esse objetivo, nem agora com o presidente (Joe) Biden", lamentou.

O presidente reconheceu, no entanto, que um programa de vistos temporários adotado por Biden ajudou a reduzir o fluxo migratório, e defendeu que qualquer ajuda seja entregue diretamente, e não por meio de ONGs, as quais chegou a acusar de "traficar" com as necessidades das pessoas.

López Obrador, que visitará Ciudad Juárez nesta sexta-feira para verificar o atendimento aos feridos no incêndio, também anunciou uma "reforma" no Instituto Nacional de Migração (INM), que administra os centros de detenção de imigrantes.


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