Milhares protestam em Barcelona contra prisão de separatistas catalães
Manifestantes também pedem um diálogo político
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Eles são acusados de rebelião, crime punível com até 30 anos de prisão. Alguns também foram indiciados por mau uso de fundos públicos por organizarem o referendo ilegal sobre a independência da região em 1º de outubro. "Como eles não podem acabar com o movimento de independência, tentam fazer isso judicialmente", disse Roser Urgelles, uma professora de 59 anos.
Como ela, milhares de manifestantes usavam uma fita amarela, símbolo de solidariedade com separatistas na prisão. A convocação da mobilização foi lançada por uma plataforma criada em março para "defender as instituições catalãs" e "os direitos e liberdades fundamentais". O evento conta com o apoio dos dois maiores sindicatos do país, Comisiones Obreras (CCOO) e UGT.
A mobilização acontece dez dias após a libertação sob fiança do ex-presidente regional separatista Carles Puigdemont na Alemanha. O tribunal competente considerou que a acusação de rebelião evocada pela justiça espanhola não se justificava. A decisão foi um golpe para a justiça espanhola e, na quinta-feira, promotores espanhois forneceram elementos adicionais aos seus colegas alemães para fundamentar a acusação.
Além de rebelião, Puigdemont é acusado de mau uso de fundos públicos, em conexão com a organização do referendo de 1º de outubro. Os primeiros a serem enviados para a prisão preventiva, em uma penitenciária perto de Madri, foram o ex-presidente da organização separatista ANC Jordi Sánchez e o líder da Òmnium Jordi Cuixart em 16 de outubro.
Sánchez está sendo processado por discursar a dezenas de milhares de independentistas que, durante uma manifestação em Barcelona em 20 de setembro, mantiveram um grupo de guardas civis encurralados por horas enquanto revistavam um prédio do executivo catalão por ordem judicial. Eleito deputado regional em 21 de dezembro, ele apresentou-se duas vezes como candidato à presidência da Catalunha, mas em ambas as vezes a justiça rejeitou seu pedido.
A Catalunha está sob a tutela do governo central e sem executivo regional desde 27 de outubro, quando o gabinete do então presidente Carles Puigdemont foi afastado após a declaração unilateral de independência feita no Parlamento catalão. Os independentistas renovaram a maioria de assentos no Parlamento nas eleições regionais de 21 de dezembro, mas não conseguiram investir um presidente. Se um novo presidente não tomar posse até 22 de maio, novas eleições regionais serão convocadas.