Militares do Zimbábue negam golpe mas anunciam operação contra assessores do presidente

Militares do Zimbábue negam golpe mas anunciam operação contra assessores do presidente

Ditador Robert Mugabe governa o país, que tem 90% das pessoas desempregadas, desde 1980

AFP

Segundo militares, ação teria sido contra assessores do presidente

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Militares do Zimbábue negaram nesta quarta-feira um golpe de Estado, mas informaram o andamento de uma operação contra "criminosos" próximos ao presidente Robert Mugabe, que está "são e salvo". Em mensagem à Nação em rede nacional de TV, após tiroteios na capital, Harare, os oficiais garantiram que "não se trata de uma tomada do governo por militares".

"Queremos assegurar à Nação que sua excelência, o presidente (...) e seus familiares estão sãos e salvos, com sua segurança garantida", declarou um general. "O alvo são criminosos em seu entorno (de Mugabe) que estão cometendo crimes. Após cumprirmos nossa missão esperamos que a situação volte à normalidade".

A declaração ocorre após um forte tiroteio durante a madrugada, na zona da residência de Mugabe em Harare, segundo testemunhas contactadas pela AFP. "Pouco antes das duas da manhã escutamos entre 30 e 40 disparos, durante três a quatro minutos, procedentes de sua residência", contou à AFP um morador do bairro de Borrowdale.

Na segunda-feira, o comandante do Exército, Constantino Chiwenga, ordenou o fim do expurgo no partido ZANU-PF, no poder, após a destituição do vice-presidente, Emmerson Mnangangwa, e advertiu para uma intervenção dos militares. "Devemos lembrar-lhes a quem está por trás destes acertos desleais que quando se trata de proteger nossa revolução, os militares não hesitarão em intervir", alertou o general.

Um porta-voz do ZANU-PF reagiu às declarações do general Chiwenga afirmando que estão "claramente calculadas para perturbar a paz nacional (...) e sugerem uma conduta traidora por sua parte com a intenção de incitar à insurreição". Mnangagwa foi destituído uma semana depois de ter discutido com Grace, esposa de Mugabe e primeira na linha de sucessão do marido, de 93 anos.

O ex-vice-presidente tem fortes vínculos com o Exército, após ter ocupado o cargo de ministro da Defesa. Mugabe, que dirige o Zimbábue com mão de ferro desde a independência do país, em 1980, já anunciou que concorrerá em 2018 a um novo mandato.

Antes da troca de tiros desta quarta-feira, o Foreign Office britânico relatou "movimentos de veículos militares nas imediações de Harare".  A embaixada dos Estados Unidos em Harare recomendou a seus cidadãos que permaneçam em casa diante da "incerteza política" no Zimbábue.

"Recomendamos aos cidadãos americanos no Zimbábue que se protejam permanecendo em suas casas até novo aviso". "Em razão da incerteza política que impera esta noite, o embaixador instruiu todos os funcionários (diplomáticos) a permanecer em casa".

Mugabe é o decano dos chefes de Estado em atividade. Sob o seu regime autoritário, o país africano empobreceu muito e desde o início dos anos 2000 lida com um desemprego em massa - cerca de 90% da população ativa - e uma falta de liquidez que atrasa o pagamento dos salários dos funcionários.

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