Militares nomeiam novo líder após golpe de Estado no Níger

Militares nomeiam novo líder após golpe de Estado no Níger

Exército anunciarou "a suspensão das atividades dos partidos políticos até segunda ordem"

AFP

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Os militares que deram um golpe de Estado no Níger nomearam, nesta sexta-feira (28), o general Abdourahamane Tchiani como o novo líder no comando no país, cujo presidente Mohamed Bazoum foi sequestrado há três dias.

Tchiani anunciou na televisão estatal que foi nomeado "presidente do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria", a junta militar que derrubou o governo de Bazoum.

O general, que é chefe da Guarda Presidencial desde 2011, justificou o golpe pela "deterioração da situação de segurança" no país africano, devastado pela violência de grupos jihadistas.

"A abordagem atual em matéria de segurança não foi capaz de proteger o país, apesar dos grandes sacrifícios do povo nigerino e do grato apoio de nossos aliados externos", afirmou.

Pouco depois de seu discurso, a junta alertou em um comunicado que é contra "qualquer intervenção militar estrangeira".

Bazoum está detido desde a manhã de quarta-feira (26) no palácio presidencial, rodeado de membros da sua escolta. Ele continua junto à sua família e conseguiu se comunicar com outros chefes de Estado.

O Conselho de Segurança da ONU condenou "as tentativas de mudar inconstitucionalmente o governo legítimo", em comunicado divulgado nesta sexta-feira.

Os Estados Unidos expressaram seu "apoio incondicional" a Bazoum e advertiram que sua detenção coloca em risca a ajuda que Washington proporciona ao Níger, segundo um porta-voz do Departamento de Estado.

A França, ex-potência colonial, também condenou o golpe e exigiu a libertação de Bazoum.

"Este golpe de Estado é completamente ilegítimo e profundamente perigoso para os nigerinos, para o Níger e para toda a região", declarou o presidente francês, Emmanuel Macron.

A União Europeia (UE) condenou duramente o golpe de Estado e ameaçou suspender a ajuda financeira que fornece ao país, enquanto os Estados Unidos ameaçaram encerrar a "cooperação em segurança e outras áreas". Contudo, os cerca de 1.000 soldados que Washington mantém no Níger continuarão lá por ora.

Na quinta-feira, o Exército do Níger expressou seu apoio aos líderes que orquestraram o golpe. Estes militares acusaram a França, que tem 1.500 soldados destacados no Níger, de violar o fechamento da fronteira ao pousar um avião militar no aeroporto internacional da capital, Niamei.

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) exigiu "a libertação imediata" de Bazoum e afirmou que o mandatário "continua sendo o presidente legítimo e legal do Níger reconhecido" por esta organização.

Depois dos golpes de Estado no Mali e em Burkina Faso, que se aproximaram da Rússia após exigir a saída dos soldados franceses de seus territórios, o Níger era um dos últimos aliados do Ocidente na região do Sahel, uma área devastada por grupos jihadistas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda.

Convocação de novo protesto em Niamei

Os militares anunciaram "a suspensão das atividades dos partidos políticos até segunda ordem" e pediram "calma" à população após os incidentes na manifestação de apoio aos golpistas na quinta-feira.

Durante os protestos, manifestantes hastearam bandeiras da Rússia e entoaram cantos contra a França. Enquanto isso, um grupo de jovens se dirigiu à sede do Partido Nigerino para a Democracia e o Socialismo (PNDS, no poder), a poucos quilômetros do ato, onde incendiaram carros.

Havia outra manifestação prevista para esta sexta-feira, mas acabou sendo proibida.

Na noite de quarta, os militares rebeldes anunciaram a deposição do presidente eleito democraticamente e no poder desde 2021. Além disso, a junta militar suspendeu as instituições do país, fechou as fronteiras terrestres e aéreas e estabeleceu um toque de recolher noturno em todo o território.

O golpe foi condenado pela ONU e pelos países ocidentais próximos ao Níger, incluindo os Estados Unidos.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, confirmou que conversou com Bazoum e expressou que "claramente os Estados Unidos o apoiam fortemente".

A ONG Human Rights Watch alertou que os direitos humanos estão "ameaçados" após o golpe, embora a junta tenha reafirmado nesta sexta-feira sua "vontade" de respeitá-los.

O Níger, ex-colônia francesa, tem uma história marcada por sucessivos golpes desde a sua independência em 1960.

 


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