Morre aos 100 anos Shigeichi Negishi, inventor da máquina de karaokê

Morre aos 100 anos Shigeichi Negishi, inventor da máquina de karaokê

Japonês não obteve sucesso financeiro com invenção, mas viu equipamento se tornar marco cultural

Estadão Conteúdo

Negishi encomendou aparelho por paixão por cantar

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Os bares de todo o mundo estão em silêncio. Morreu, após uma queda aos 100 anos, Shigeichi Negishi, criador da máquina de karaokê e dono de um enorme legado na indústria musical japonesa e global. Nascido em 1923 no Japão, Negishi foi criado em um Japão pós-guerra, demonstrando desde cedo habilidades empreendedoras.

Ele foi fundador da Nichiden Kogyo, empresa fabricante de eletrônicos de consumo, incluindo rádios e aparelhos de som para carros, e em 1967 criou a primeira máquina de karaokê a Sparko Box. Por anos, houve dúvidas sobre quem deveria ser creditado pela criação, porque na época Daisuke Inoue, empresário japonês, teve uma ideia bem parecida, mas ele só foi lançar sua versão alguns anos depois.

A Sparko Box, de Negishi, precedeu o 8 Juke de Inoue em 1971, marcando o início de uma nova era na indústria musical. A ideia do karaokê surgiu porque Negishi tinha paixão por cantar junto com programas de TV e rádio e, após ser alvo de brincadeiras de seus colegas de trabalho sobre suas habilidades vocais, ele percebeu que seria mais interessante poder cantar sobre uma trilha pré-gravada.

Shigeichi Negishi, buscando concretizar sua visão, solicitou ao engenheiro-chefe de sua empresa a criação de um protótipo capaz de reproduzir faixas instrumentais, equipado com um amplificador de microfone e uma mesa de mixagem. O resultado final foi uma caixa com um painel de luzes coloridas que piscavam no ritmo da música.

A escolha do nome karaokê por Negishi foi porque a palavra já era utilizada para descrever cantores japoneses que usavam faixas pré-gravadas para performar. Apesar do potencial do Sparko Box, ele foi um fracasso em vendas e Negishi optou por não patentear o dispositivo, até que a venda foi descontinuada.

De acordo com sua filha, a patente nunca incomodou o criador e ele ficou feliz de ver que sua ideia tinha se tornado um marco cultural. Aos 100 anos, Negishi deixou três filhos, cinco netos e oito bisnetos.


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