MP da Venezuela emite alerta vermelho da Interpol para captura de opositor Guaidó

MP da Venezuela emite alerta vermelho da Interpol para captura de opositor Guaidó

Político é acusado de entregar uma subsidiária da estatal petrolífera PDVSA que pode gerar cobranças de dívidas ao governo venezuelano

Correio do Povo

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O Ministério Público da Venezuela emitiu um mandado de prisão contra o opositor Juan Guaidó e solicitará um alerta vermelho da Interpol, com base em investigações de um tribunal nos Estados Unidos divulgadas pela imprensa, anunciou nesta quinta-feira (5) o procurador-geral, Tarek William Saab.

"Foram designados promotores para emitir uma ordem de prisão contra ele e a respectiva solicitação de alerta vermelho da Interpol para que este indivíduo pague por esses crimes que a justiça dos Estados Unidos da América está ciente e divulgando", disse Saab.

O procurador, alinhado com o governo, acusa o opositor de "entregar" a Citgo, uma subsidiária nos Estados Unidos da estatal petrolífera PDVSA, que está sendo processada em solo norte-americano em um caso que pode levar a um leilão para cobrar dívidas da Venezuela e da própria estatal.

O juiz federal Leonard Stark aprovou medidas no ano passado para vender as ações da PDV Holding - a matriz da Citgo - como compensação à corporação canadense Crystallex pela expropriação de uma mina na Venezuela em 2011. Empresas como a americana ConocoPhillips também se juntaram aos litígios.

Países e empresas públicas geralmente são considerados entidades separadas, mas Stark valida o argumento dos credores: para o juiz, a Citgo é um 'alter ego' do governo da Venezuela, portanto, é um ativo disponível para pagar obrigações da PDVSA e do país.

Gerenciamento da Citgo

"Guaidó usou recursos da PDVSA para causar perdas próximas ou superiores a US$ 19 bilhões (R$ 98 bilhões)", afirmou o procurador-geral, com base em "revelações" fornecidas à imprensa "por um tribunal federal nos Estados Unidos".

Dessa forma, Saab mencionou a responsabilidade de Guaidó, também acusado de "usurpação de funções", no gerenciamento de fundos da Citgo enquanto estava à frente do "governo fictício".

A investigação anunciada por Saab se soma a outras 27 que já pesam sobre Guaidó, que liderou um governo interino simbólico apoiado pelos Estados Unidos e cerca de cinquenta governos que não reconheceram a reeleição do presidente Nicolás Maduro em 2018, considerando-a "fraudulenta".

No entanto, este é o primeiro mandado de prisão emitido contra o líder, que se autoproclamou "presidente interino" diante de uma multidão em 2019 e chegou a ser o líder da oposição venezuelana até que sua popularidade diminuiu em questão de meses.

Saab também afirmou que desde 2019 foram emitidos 288 mandados de prisão por investigações envolvendo Guaidó, com 129 colaboradores do opositor detidos e 63 "cúmplices" condenados.

Os crimes imputados a Guaidó, que fugiu para os Estados Unidos em abril passado, incluem traição à pátria, usurpação de funções, obtenção ou extração de dinheiro, valores ou bens públicos, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

"Propaganda"

Guaidó, por sua vez, classificou essas alegações como "propaganda" para "perseguir fisicamente e moralmente a oposição venezuelana". "O regime ataca novamente, com uma de suas armas prediletas, o sequestro da justiça", disse Guaidó em uma mensagem na rede social X, antigo Twitter.

Nesse contexto, a Citgo pode ser leiloada se não for alcançada uma renegociação com aqueles que buscam cobrar dívidas da Venezuela por meio da venda de suas ações, o que o governo de Maduro classificou como "roubo".

As reivindicações judiciais que buscam sua liquidação ultrapassam os US$ 20 bilhões (R$ 103 bilhões).


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