Mundo poderá superar limite de 1,5ºC de aquecimento em sete anos, diz estudo

Mundo poderá superar limite de 1,5ºC de aquecimento em sete anos, diz estudo

Pesquisa salientou que é preciso agir rápido para diminuir emissão de gases estufa

AFP

Produção de energia elétrica ainda depende muito de usinas poluentes

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O mundo pode ultrapassar o limite de aquecimento de 1,5ºC em apenas sete anos se as emissões de CO² continuarem a aumentar, alertou um grupo de cientistas nesta terça-feira. O estudo do Global Carbon Project, apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) em Dubai, adverte que as emissões provenientes do carvão, gás ou petróleo atingirão um novo recorde em 2023.

A poluição por combustíveis fósseis aumentou 1,1% no ano passado, de acordo com a pesquisa deste consórcio internacional de cientistas. O estudo destaca que a China e a Índia se tornaram, respectivamente, o primeiro e o terceiro maiores emissores globais de gases de efeito estufa. A cúpula da ONU busca traçar o futuro dos combustíveis fósseis, responsáveis pela maior parte dos gases de efeito estufa de origem humana.

Um dos pontos mais controversos da reunião é como mencioná-los na declaração final. Os grandes poluidores tentam desencorajar apelos para um acordo que elimine gradualmente o uso intensivo de carvão. Os cientistas acreditam que há 50% de risco de que o aquecimento ultrapasse até 2030 o limite de 1,5ºC em relação à era pré-industrial, estabelecido como limite no Acordo de Paris. "Está se tornando cada vez mais urgente", alertou Pierre Friedlingstein, autor principal do estudo e membro do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter. "Para manter uma chance de ficar abaixo de 1,5 ºC, ou muito perto de 1,5 ºC, precisamos agir agora", acrescentou.

No histórico Acordo de Paris de 2015, os países se comprometeram a limitar o aumento da temperatura a menos de 2ºC em relação à era pré-industrial, e se possível a 1,5ºC. O objetivo mais ambicioso de 1,5 ºC tornou-se desde então uma prioridade, à medida que surgiam evidências de que um aquecimento maior poderia desencadear pontos de inflexão perigosos e irreversíveis. Para respeitar esse limite, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) da ONU afirma que as emissões de CO2 precisam ser reduzidas pela metade nesta década.

Mas alcançar esse objetivo está se tornando cada vez mais difícil à medida que as emissões continuam aumentando, segundo o Global Carbon Project. Glen Peters, pesquisador principal do Centro CICERO para Pesquisa Climática Internacional, afirma que as emissões de dióxido de carbono agora estão 6% mais altas do que quando os países assinaram o Acordo de Paris. "As coisas estão indo na direção errada", alertou.

E isso apesar do aumento promissor das energias renováveis. Mais de 100 países expressaram no sábado na COP28 sua vontade de triplicar suas capacidades de energias renováveis até 2030. "Energia solar, veículos elétricos, baterias, tudo está crescendo rápido, o que é bom. Mas é apenas metade da história", afirmou. "A outra metade é reduzir as emissões dos combustíveis fósseis. E simplesmente não estamos fazendo o suficiente".


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