Número de mortos em tragédia na Arábia Saudita sobe para 769

Número de mortos em tragédia na Arábia Saudita sobe para 769

Autoridades disseram que inquérito para apurar causas do incidente vai levar tempo

Número de mortos em tragédia na Arábia Saudita sobe para 769

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O balanço do trágico tumulto ocorrido durante a peregrinação anual à Meca subiu para 769 mortos e 934 feridos, anunciou neste sábado o ministro da Saúde saudita, Khaled al-Faleh. O balanço anterior da tragédia, que ocorreu na quinta-feira durante o ritual de apedrejamento de Satã em Mina, era de 717 mortos e 863 feridos.

Neste sábado, centenas de milhares de muçulmanos terminam peregrinação anual à Meca, ou Hajj, em luto pela tragédia mais mortal dos últimos 25 anos que provocou uma enxurrada de críticas à Arábia Saudita. Desde o início da manhã, grupos de homens e mulheres se revezavam em Mina para cumprir com o último ritual, o lançamento de pedras contra três colunas que simbolizam o diabo, de acordo com a tradição muçulmana. As forças de segurança conduziam a multidão.

Três dias após a tragédia, as autoridades sauditas ainda não divulgaram uma lista de vítimas por nacionalidade nem publicaram os resultados de suas investigações. O comandante das forças de segurança responsável pelo Hajj, o general Abdel Aziz al Suly, relatou a abertura de um inquérito que "vai levar tempo". Citado pela imprensa local, ele indicou que "submeterá um relatório completo e detalhado ao servidor das Duas Mesquitas Sagradas", o rei Salman, mas não indicou quando.

O Irã, que anunciou a morte de 136 de seus cidadãos no incidente, questionou a Arábia Saudita, seu rival regional, e exigiu participar na investigação. O primeiro vice-presidente iraniano, Es Hagh Khahanguiri, estimou que "países como o Irã, que sofreram muito, devem ter representantes na investigação". "Não há dúvidas quanto a má gestão e inexperiência dos responsáveis" do Hajj, acrescentou.

Fora de controle

Mas o grande mufti da Arábia Saudita, o xeque Abdel Aziz al-Sheikh, respondeu que o tumulto estava fora do controle. "Não há responsáveis pelo que aconteceu (...) Não podemos responsabilizar alguém. A sorte e o destino são inevitáveis", disse na sexta-feira, referindo-se ao herdeiro e ministro do Interior, príncipe Mohamed Bin Nayef, que também preside a comissão do Hajj. Vários peregrinos atribuem a tragédia ao fechamento de uma passagem perto do local do apedrejamento e à má gestão de fluxo de fiéis pelas forças de segurança.

Na Turquia, um líder do partido islâmico conservador no poder, denunciou a "negligência" dos sauditas e propôs que seu país organize o Hajj, porque "os lugares santos do Islã pertencem a todos os muçulmanos". Mas Abdullah al-Sheikh, presidente do Majlis al-Shura, o Conselho Consultivo composto por membros nomeados pelo governo saudita, disse que os peregrinos devem respeitar "as regras e os regulamentos emitidos pelas forças de segurança". "Isto irá preservar suas vidas, sua segurança e facilitará o desenvolvimento dos rituais", indicou em um comunicado publicado pela agência oficial Spa.

O Hajj é um dos cinco pilares do Islã que os fiéis devem cumprir pelo menos uma vez em sua vida, se tiveram os meios para fazê-lo. Quase dois milhões de muçulmanos, incluindo 1,4 milhão de estrangeiros, fizeram a peregrinação este ano.

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