Ngozi Okonjo-Iweala é a primeira mulher a chefiar a OMC

Ngozi Okonjo-Iweala é a primeira mulher a chefiar a OMC

Organização Mundial do Comércio nomeou pela primeira vez na sua história uma mulher como diretora-geral


R7 e AFP

Ngozi Okonjo-Iweala é a primeira mulher e a primeira africana a liderar a organização

publicidade

Em uma decisão histórica, a Organização Mundial do Comércio (OMC) nomeou nesta segunda-feira a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala é a primeira mulher e a primeira africana a liderar a organização.

"A decisão foi tomada por consenso em uma reunião especial do Conselho Geral da organização hoje", anunciou a OMC nesta segunda-feira, cerca de quinze minutos depois da abertura do encontro. "A doutora Okonjo-Iweala se tornará a primeira mulher e a primeira africana à frente da OMC. Assumirá suas funções em 1º de março e seu mandato, renovável, expirará em 31 de agosto de 2025", acrescentou a organização, de 164 membros e com sede em Genebra. 

"Uma OMC forte é essencial se quisermos nos recuperar plena e rapidamente da devastação causada pela pandemia de Covid-19", declarou Okonjo-Iweala de 66 anos, após sua nomeação. "Nossa organização enfrentará inúmeros desafios, mas trabalhando juntos, coletivamente, podemos tornar a OMC mais forte, mais ágil e melhor adaptada às realidades atuais", acrescentou.

A escolha de Ngozi superou oito candidatos de diferentes países e marca a tendência internacional rumo à maior inclusão de lideranças femininas em postos de decisão. Ela também foi a primeira mulher a ocupar os cargos de ministra das Relações Exteriores e de Finanças em seu país e chegou ainda ao segundo mais alto posto no Banco Mundial, onde atuou como diretora-gerente.

Com sede em Genebra, a OMC tem 164 membros e estava sem líder desde que o brasileiro Roberto Azevêdo deixou o cargo em agosto. Os defensores de Okonjo-Iweala esperam que ela possa revigorar a instituição, que está enfrentando a maior crise de seus 26 anos de história, com membros incapazes de chegar a acordos sobre pactos comerciais e um programa de reforma.

"Momento histórico"

Duas vezes ministra das Finanças e chefe da pasta de Relações Exteriores da Nigéria por dois meses, Okonjo-Iweala começou sua carreira no Banco Mundial em 1982, onde trabalhou por 25 anos. Em 2012, não conseguiu se tornar presidente desta instituição financeira e o cargo coube ao americano-coreano Jim Yong Kim.

Agora, ficará à frente de uma instituição que, desde sua criação em 1995, foi dirigida por seis homens: três europeus, um neozelandês, um tailandês e um brasileiro. "Os Estados Unidos estão ansiosos para trabalhar com o dra. Okonjo-Iweala para garantir que esta instituição atinja todo o seu potencial como entidade que promove o crescimento econômico justo no comércio", declarou o diplomata americano David Bisbee na reunião desta segunda-feira. 

Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que foi "um momento histórico para todo o mundo", e prometeu todo o apoio à nova diretora da instituição. "Parabéns à minha amiga Ngozi Okonjo-Iweala, que se tornou a primeira mulher diretora-geral da OMC", escreveu Christine Lagarde no Twitter, primeira presidente do Banco Central Europeu e ex-chefe do FMI, elogiando "sua forte vontade e determinação (que) a levará a promover incansavelmente o livre comércio em benefício das populações mundiais ".

 Crise existencial 

"Mais do que tudo", dirigir a OMC exige "audácia, coragem", disse ela àqueles que a consideram carente de conhecimentos técnicos em um ambiente regido por regras bizantinas. A coragem será, de fato, essencial para tirar a OMC, a única organização internacional responsável pelas regras que regem o comércio entre países, de sua crise quase existencial.

A pandemia expôs todas as fraturas causadas pela liberalização do comércio mundial, desde a dependência excessiva de cadeias produtivas dispersas, até os excessos da realocação industrial ou a fragilidade do tráfego comercial.

Em meados de outubro, Ngozi Okonjo-Iweala disse que queria definir duas prioridades para mostrar que a OMC é indispensável. Deseja apresentar na próxima conferência ministerial um acordo sobre subsídios à pesca, que está paralisado, para mostrar que a OMC ainda pode produzir avanços multilaterais. E também se propõe a reconstruir o órgão de solução de controvérsias (o tribunal da OMC), que foi torpedeado pelo governo Trump. 

Recentemente, pediu à OMC que se concentrasse na pandemia de Covid-19. Seus membros estão divididos quanto à conveniência de isentar de direitos de propriedade intelectual os tratamentos e vacinas anticovid para torná-los mais acessíveis.

Muitos países em desenvolvimento são a favor das isenções de patentes. Mas os países ricos acreditam que as regras atuais previstas pelo Acordo da OMC sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual são suficientes.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895