Nicarágua proíbe evangélicos de celebrarem o dia da Bíblia nas ruas
Orientação do Conselho Nacional de Pastores foi para que data seja comemorada nos templos
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O regime do presidente Daniel Ortega na Nicarágua também tem sido marcado pela intolerância religiosa. Segundo informações do site a Hora de Brasília, o país proibiu evangélicos de celebrarem os 453 anos da tradução da Bíblia nas ruas. A data foi no último domingo.
Por conta da proibição, o Conselho Nacional de Pastores Evangélicos da Nicarágua enviou uma carta a líderes cristãos, orientando que as festividades sejam celebradas dentro dos templos.
“Através desta carta informamos que devido às orientações das autoridades civis, não será comemorado o 453º aniversário da tradução da Bíblia para o castelhano, eles expressam que o motivo é a segurança dos participantes, por isso convidamos cada um de vocês a realizar suas celebrações em seus templos, elevando orações a Deus para que possamos viver tranquila e pacificamente”, destaca o documento.
Bloqueios
Nessa segunda, a Nicarágua qualificou como criminosas as sanções e os bloqueios econômicos que enfrenta junto com outros países por rejeitar "o modelo imperialista". Também destacou a "dócil" indiferença dos organismos internacionais.
"É hora de seguir rechaçando os bloqueios criminosos, as agressões chamadas sanções, ilegais, arbitrárias, ilícitas que evidenciam a perversão de um sistema e um modelo imperialista e capitalista que se mantém e pretende continuar castigando e sangrando o mundo", questionou o chanceler nicaraguense Denis Moncada, em discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Moncada também reprovou o que considerou uma "dócil paciência dos organismos que deveriam defendê-los" destas sanções. Nos últimos quatro anos, Estados Unidos e União Europeia (UE) aplicaram sanções migratórias e econômicas a dezenas de funcionários, familiares e empresas vinculadas ao governo do presidente nicaraguense Daniel Ortega, por atos de corrupção e violação aos direitos humanos.
As medidas foram implementadas à raiz da repressão aos protestos opositores de 2018 que pediram a renúncia de Ortega, um ex-guerrilheiro de 76 anos que governa desde 2007, após três reeleições sucessivas. A última foi em 2021, sem adversários de peso, devido à detenção e exílio forçado de centenas de opositores, segundo denúncias da oposição.
Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA, a repressão deixou ao menos 355 mortos. Já o governo de Ortega reconhece 200 mortos, entre eles, policiais e partidários que afirma foram vítimas da violência da oposição.
Ortega atribuiu os protestos a uma tentativa fracassada de golpe de Estado por Washington e rejeitou os relatórios emitidos pela OEA, organização da qual se retirou em 2022, e também pela ONU, que pedem respeito aos direitos humanos e a libertação de mais de 200 opositores presos, entre eles, sete ex-candidatos à Presidência da oposição.
Moncada não se referiu diretamente ao tema no discurso, mas qualificou essas ações de "imperialismo hipócrita". O chanceler defendeu uma ONU "que represente a todos" e se solidarizou à luta de países aliados como Cuba, Venezuela, Rússia, Síria, entre outros.