Nicolás Maduro assume presidência interina da Venezuela

Nicolás Maduro assume presidência interina da Venezuela

Braço-direito prometeu seguir os preceitos traçados por Hugo Chávez antes de sua morte

AFP

Nicolás Maduro assume presidência interina da Venezuela

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O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez seu juramento e assumiu oficialmente como presidente interino do país, na noite desta sexta-feira, com a morte do "comandante" Hugo Chávez. A cerimônia estava marcada para as 19h, mas atrasou cerca 30 minutos, sendo realizada por volta das 21h no horário de Brasília, 19h30min do horário local. 

A cerimônia foi comandada pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. Além do juramento protoclar, Maduro prometeu, nos próximos 30 dias até a convocação de eleições, conduzir sua gestão nos princípios estabelecidos por Hugo Chávez, antes de colocar a faixa presidencial e o colar Simón Bolívar.

O líder opositor venezuelano, Henrique Capriles, afirmou que a posse de Nicolás Maduro como presidente interino é ilegítima. "Este juramento que se vai fazer agora é espúrio", disse Capriles, assinalando que Maduro "não foi eleito presidente por ninguém" e que a oposição não está disposta a "tolerar abusos de poder".

O líder da oposição avaliou que Maduro deveria conduzir o país até as próximas eleições como vice-presidente.
Capriles destacou que o artigo 233 da Constituição estabelece que se a falta absoluta do presidente se produzir durante os primeiros quatro anos do mandato, "se encarregará da presidência da República o vice-presidente".

Delegações de 54 países participam de funeral


A cerimônia oficial de Estado, do funeral do presidente Hugo Chávez foi celebrado, na Academia Militar de Caracas, com a presença de delegações de 54 países, incluindo a maioria dos líderes da América Latina e do Caribe, entre eles Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além do iraniano Mahmud Ahmadinejad, em uma homenagem solene ao presidente que governou a Venezuela por 14 anos. O corpo foi velado durante três horas.

A oposição anunciou que seus deputados não assistiriam à cerimônia, por considerar que ela se trata de um ato eleitoral. Em um discurso emocionado, Maduro prometeu lealdade a Chávez "além da morte" e reivindicou seu legado em prol do povo venezuelano e da identidade da América Latina, considerando ao mesmo tempo que foi o líder "mais vilipendiado" da comunidade internacional nos últimos 200 anos.

O presidente cubano, Raúl Castro, que ao lado do irmão, Fidel, foram grandes aliados do presidente falecido, e os controversos presidentes iraniano, Mahmud Ahmadinejad, e bielo-russo, Alexander Lukashenko, estiveram sentados ao lado de Maduro e da companheira deste, a procuradora Cilia Flores. Também diante do caixão, fechado e coberto com a bandeira venezuelana, estava a mãe de Chávez, Elena Frías, com o rosto marcado pela dor, e o restante da família, como as três filhas do presidente, que ocultavam as lágrimas atrás de óculos escuros. Todos os chefes de Estado e de governo, a começar pelos latino-americanos, se reuniram ao redor do caixão, coroado por um retrato de Chávez tocando um Cristo crucificado.

Ao lado do filho caçula, Lukashenko pôs as mãos sobre o caixão, enquanto o iraniano o beijou. Ambos choraram.
A cerimônia foi iniciada com a execução do hino nacional sob a batuta do maestro venezuelano Gustavo Dudamel, diretor da filarmônica de Los Angeles. Maduro se aproximou do caixão e pegou uma réplica dourada da espada de Simón Bolívar, colocando-a sobre o caixão de Chávez, que se considerou protagonista de uma segunda independência da Venezuela, libertadora do "imperialismo" e da "burguesia".

"Alerta, alerta que a espada de Bolívar caminha pela América Latina", afirmaram os assistentes, repetindo um lema histórico que os chavistas mudaram por "Alerta, alerta, que o coração de Chávez caminha pela América Latina". Em seguida, a espada foi entregue à família de Chávez. Durante a cerimônia, foi celebrada uma missa e interpretado um repertório de canções típicas dos Llanos venezuelanos, de onde era oriundo o presidente, que costumava cantá-las em suas intervenções televisionadas.

O corpo de Chávez não será sepultado, e sim exibido por mais seis dias, diante da enorme afluência de venezuelanos à capela ardente na Academia Militar, e será embalsamado para repousar em um museu de Caracas, instalado no que foi seu quartel-geral no frustrado golpe de Estado de 1992. "O presidente Chávez foi símbolo de todos os que buscam justiça, o amor e a paz no mundo", disse ao chegar a Caracas o presidente iraniano, que compartilhou com Chávez sua inimizade com Washington e que recebeu apoio do venezuelano para seu programa nuclear. Os Estados Unidos, considerados um adversário por Caracas, participam com uma delegação de baixo escalão. Os dois países retiraram seus embaixadores em uma das muitas controvérsias que marcaram os quatorze anos (1999-2013) de governo de Chávez.

A Espanha foi representada pelo herdeiro da Coroa, Felipe de Borbón, que foi alvo de uma vaia. Ao chegar, seu nome foi anunciado aos milhares de venezuelanos que se amontoam nos arredores da Academia Militar e estes lembraram do "por que não te calas" do rei espanhol Juan Carlos.


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