Nobel da Paz propõe taxa sobre a riqueza de brancos na África do Sul

Uma proposta apresentada pelo prêmio Nobel da paz Desmond Tutu, de impor uma "taxa sobre a riqueza" aos brancos, por se "beneficiaram com o apartheid", está sendo motivo de muita polêmica na África do Sul. Debates por todo o país avaliam que isso poderia agravar a questão racial na sociedade.

No dia 11 de agosto, durante um evento literário na Cidade do Cabo, o ex-arcebispo anglicano, considerado a consciência moral em seu país, procurou demonstrar que as más ações do apartheid ainda são visíveis, 15 anos após a instauração da democracia. "Vocês todos se aproveitaram do apartheid", disse ele, dirigindo-se à minoria branca do país.  "Seus filhos puderam ir à escola, e viveram em bairros elegantes", argumentou.

Famoso pela militância contra o apartheid, ele insistiu numa antiga ideia relacionada à "taxação sobre a riqueza" que se aplicaria apenas aos brancos: "Poderia ser insignifiante, talvez 1% das aplicações em bolsa. Isso não é nada", enfatizou.

Na manhã desta segunda-feira, a fundação FW de Klerk, em homenagem ao ex-presidente Frédérik de Lerk, que negociou com Nelson Mandela o fim do apartheid, acrescentou sua voz aos comentários levantados durante o final de semana. "Um dos princípios (de nossa democracia), é a não discriminação racial e a ideia de visarmos um ou outro grupo racial", enfatizou em nota. "Tão devastador que pudesse ter sido o apartheid, não podemos continuar indefinidamente a atribuir ao passado todos os males da África do Sul, pelo que não devemos aceitar a imagem perigosa de culpa racial."

A polêmica se projeta em alguns líderes políticos, principalmente as intenções do líder da Liga da Juventude do ANC, Julius Malema, que sugeriu, em maio passado, expropriar sem indenizações os fazendeiros brancos afirmando: "Eles nunca compraram suas terras de nós".