Nobel de 2021: uma edição muito masculina

Nobel de 2021: uma edição muito masculina

Os homens dominam os prestigiosos prêmios, que geralmente recompensam pesquisas de décadas atrás

AFP

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Jornalistas investigativos, um romancista nascido na Tanzânia, especialistas em clima ou do tato, o Nobel este ano premiou 12 homens e uma única mulher que, de acordo com o desejo de seu criador, o inventor sueco Alfred Nobel, "trabalharam para o progresso de humanidade".

Embora quatro mulheres estivessem entre os laureados em 2020, os homens continuam a dominar os prestigiosos prêmios, que geralmente recompensam pesquisas de décadas atrás.

Medicina 

O Prêmio Nobel de Medicina foi para os americanos David Julius e Ardem Patapoutian, de origem libanesa e armênia, por suas descobertas sobre a forma como o sistema nervoso transmite a temperatura e o tato.

Suas descobertas "revolucionárias" permitiram entender "como o calor, o frio e a força mecânica podem desencadear impulsos nervosos que nos permitem perceber e nos adaptar ao mundo", relatou o júri do Nobel.

 Física 

O prêmio de Física foi para dois especialistas em clima, o alemão Klaus Hasselman e o nipo-americano Syukuro Manabe, e ao teórico italiano Giorgio Parisi.

O comitê do Nobel recompensou o trabalho de Manabe sobre o efeito estufa da década de 1960, no qual mostrou que os níveis de CO2 na atmosfera correspondiam a um aumento na temperatura da Terra.

Hasselmann foi reconhecido por estabelecer modelos climáticos confiáveis, apesar das grandes variações meteorológicas. Parisi foi premiado "pela descoberta da interação da desordem e das flutuações nos sistemas físicos, da escala atômica à planetária".

 Química 

Dois especialistas em catalisadores, Benjamin List da Alemanha e David MacMillan da Escócia, ganharam o Prêmio Nobel de Química.

Os dois cientistas receberam o prêmio por terem desenvolvido, independentemente, a catálise assimétrica em 2000, um mecanismo atualmente utilizado na pesquisa e na indústria farmacêutica.

Literatura 

O romancista Abdulrazak Gurnah, nascido na Tanzânia e exilado no Reino Unido por mais de meio século, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. O escritor foi recompensado por sua escrita "empática aos efeitos do colonialismo e ao destino dos refugiados presos entre culturas e continentes", de acordo com o júri.

Ele é o primeiro autor africano a receber o prêmio literário de maior prestígio do mundo desde 2003, e o quinto no continente em geral.

Paz 

O Prêmio Nobel da Paz foi para dois jornalistas investigativos, Maria Ressa, das Filipinas, e o russo Dimitri Muratov, por "seus esforços para salvaguardar a liberdade de expressão.

Muratov é um dos fundadores e editor-chefe do jornal Novaya Gazeta, uma das poucas vozes independentes na Rússia, onde a dissidência é duramente reprimida.

Maria Ressa co-fundou, em 2012, a plataforma de jornalismo investigativo digital Rappler, meio que enfrenta diversos processos judiciais depois de ter publicado informações críticas com o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, e sua luta sangrenta contra o tráfico de drogas.

 Economia 

O Nobel de Economia foi para três especialistas em economia experimental e seus trabalhos aplicáveis ao mercado de trabalho ou educação: o canadense David Card, o israelense Joshua Angrist e o holandês Guido Imbens.

Graças às suas "experiências naturais", David Card analisou os efeitos do salário mínimo, migração e educação no mercado de trabalho.

Os estudos de Joshua Angrist e Guido Imbens, na década de 1990, permitiram tirar conclusões sólidas sobre as causas e efeitos decorrentes de experimentos naturais, como a educação.

 

 

 


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