Nova troca de reféns e prisioneiros no 3º dia de trégua entre Israel e Hamas

Nova troca de reféns e prisioneiros no 3º dia de trégua entre Israel e Hamas

Com essa libertação, até agora são 58 reféns que recuperaram a liberdade. O grupo inclui 13 mulheres e crianças israelenses


AFP

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O Hamas libertou neste domingo 17 reféns, 14 deles israelenses, detidos na Faixa de Gaza há sete semanas, no terceiro dia de uma trégua temporária entre o movimento islamista e Israel, que disse ter libertado 39 palestinos em troca.

Com essa libertação, a terceira desde o início do cessar-fogo na sexta-feira, agora são 58 o número de reféns que recuperaram a liberdade.

O grupo de reféns libertados neste domingo inclui 13 mulheres e crianças israelenses, um homem com dupla nacionalidade russo-israelense e três tailandeses, de acordo com fontes oficiais israelenses.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que uma das menores israelenses libertadas é uma menina que também possui nacionalidade americana.

Outra refém libertada, Elma Avraham, uma israelense de 84 anos, foi levada de helicóptero a um hospital do sul de Israel onde ela se encontra em estado crítico, declarou Shlomi Codish, diretor do hospital Soroka. Ele afirmou que a vida da octogenária "corre perigo".

Mais cedo, o Hamas anunciou que libertou uma pessoa com nacionalidade russa "em resposta aos esforços do presidente russo, Vladimir Putin", e seu "apoio à causa palestina".

“Até a vitória”

Israel relatou ter libertado 39 prisioneiros palestinos, como parte da negociação. No total, são 117 prisioneiros palestinos que deixaram prisões israelenses desde o início da trégua, na sexta-feira.

Cerca de 7.000 palestinos encontram-se detidos em prisões israelenses, segundo o Clube de Prisioneiros, uma ONG palestina em defesa dos detentos.

Veículos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) levaram os prisioneiros palestinos libertados para Ramallah e Beitunia, na Cisjordânia ocupada, onde foram recebidos por uma multidão com bandeiras palestinas, do Hamas e de outras facções palestinas. Outros reuniram-se com as suas famílias em Jerusalém Oriental.

O acordo, anunciado na quarta-feira por meio da mediação do Catar, Estados Unidos e Egito, prevê a libertação de 50 reféns do Hamas em troca de 150 palestinos presos em Israel.

O acordo também contempla uma trégua de quatro dias, proporcionando um alívio para os mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza, bombardeada e sitiada por Israel em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro.

Os combatentes islamitas mataram nesse dia 1.200 pessoas em Israel, a maioria civis, e sequestraram outras 240, segundo as autoridades do país.

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas após o ataque e lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza.

O Hamas, classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, afirma que a ofensiva israelense já deixou cerca de 15.000 mortos no território, que governa desde 2007.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visitou Gaza neste domingo pela primeira vez desde o início da guerra. A ofensiva de Israel continuará "até o final, até a vitória", afirmou.

"Temos três objetivos nesta guerra: eliminar o Hamas, trazer de volta todos os nossos sequestrados e garantir que Gaza não se torne novamente uma ameaça para Israel", declarou Netanyahu, segundo um vídeo publicado por seu gabinete.

Possível prorrogação da trégua

O premiê israelense anunciou na noite deste domingo que conversou com Biden, que afirmou esperar que a trégua de quatro dias seja estendida "além de amanhã", segunda-feira, quando expira.

Uma fonte próxima ao Hamas disse à AFP neste domingo que o grupo está disposto a prorrogar a trégua de "dois a quatro" dias.

Até o momento, o cessar-fogo permitiu a entrada de centenas de caminhões com ajuda humanitária em Gaza, que, desde 9 de outubro, está sob cerco total de Israel, sem eletricidade, água e medicamentos.

Embora a trégua proporcione um alívio para os habitantes de Gaza, a situação humanitária no território é "perigosa" e as necessidades são "sem precedentes", disse a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos neste domingo.

A ONU relatou que 248 caminhões carregados com ajuda humanitária entraram em Gaza desde sexta-feira, onde 1,7 milhão de pessoas foram forçadas a deixar suas casas devido ao conflito.

O Exército de Israel lançou panfletos à população com a ordem de evacuar o norte da Faixa, onde fica a Cidade de Gaza, e onde, segundo o Exército israelense, está o centro de comando do Hamas.

Também advertiu os cidadãos que desejam retornar às suas casas durante a trégua de que os combates continuarão.

"Não temos armas. Somos civis", afirmou Mahmud Masood entre os destroços de Jabaliya, no norte do território.

Segundo um jornalista da AFP em Gaza, o Exército israelense enviou mensagens de texto neste domingo aos habitantes de Khan Yunis, no sul. "Sabemos que há reféns em Khan Yunis. Saibam que o exército neutralizará qualquer pessoa que tenha sequestrado reféns", diz o aviso.

Fragilidade do cessar-fogo

O braço armado do Hamas confirmou neste domingo a morte na ofensiva israelense do comandante de sua brigada no norte de Gaza, Ahmed al Ghandour, e de outros quatro altos funcionários.

O movimento islamita libertou no sábado um segundo grupo de reféns, composto por 17 pessoas, em troca de 39 prisioneiros palestinos. No entanto, as libertações foram adiadas por várias horas depois que o Hamas acusou Israel de não respeitar os termos do acordo, sinalizando a fragilidade do cessar-fogo.

Na noite de sábado, Israel anunciou a libertação de um segundo grupo de 39 prisioneiros palestinos, todos mulheres e menores de 19 anos.

Em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, as celebrações foram discretas. Membros das forças de segurança israelenses, armados e com capacetes, cercaram a casa de Israa Jaabis, de 39 anos, a prisioneira palestina mais conhecida da lista.

Jaabis foi condenada a 11 anos de prisão por detonar um recipiente de gás durante uma blitz em 2015, ferindo um policial e causando graves queimaduras a si mesma.


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