Novos ataques israelenses são lançados contra o principal porto da Síria

Novos ataques israelenses são lançados contra o principal porto da Síria

Ação provocou incêndios e "grande dano material" no comércio do país

AFP

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Ataques aéreos israelenses provocaram graves danos nesta terça-feira ao porto sírio de Latakia, na segunda ofensiva do mês contra a infraestrutura crucial para o comércio do país. Durante a madrugada, "o inimigo israelense executou uma agressão aérea com mísseis a partir do Mediterrâneo contra o campo de contêineres do porto de Latakia", informou a agência estatal SANA, que citou uma fonte militar.

A agência não informou vítimas no ataque, mas destacou que provocou incêndios e "grande dano material". Vários edifícios próximos ao porto, incluindo uma clínica e lojas, foram atingidos. Desde o início da guerra civil na Síria em 2011, Israel executou centenas de ataques aéreos no país vizinho, principalmente contra posições do governo, forças apoiadas pelo Irã e combatentes do movimento Hezbollah.

De acordo com a agência SANA, que exibiu imagens dos bombeiros tentando controlar um grande incêndio, os contêineres atacados armazenavam "óleo e peças de reposição para carros e outros veículos". O governador de Latakia, Ismail Hilal, anunciou que os bombeiros controlaram o incêndio e iniciaram o trabalho para resfriar o local.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede em Londres e que tem uma ampla rede de fontes na Síria, afirmou que os contêineres armazenavam "armas e munições", mas informou que "não está claro" se eram procedentes do Irã. "O bombardeio provocou violentas explosões que foram ouvidas na cidade de Latakia e arredores", afirmou o OSDH.

Em 7 de dezembro, Israel executou ataques contra um carregamento de armas iranianas no porto de Latakia, oeste da Síria, sem provocar vítimas, segundo a ONG. Na ocasião, a agência SANA afirmou que o bombardeio atingiu contêineres comerciais. "Não acreditamos que situações desse tipo contribuam para a estabilidade do Oriente Médio ou da Síria", disse o vice-representante da Rússia nas Nações Unidas, Dimitri Polianski. "Jamais escondemos que não toleramos esse tipo de comportamento", disse a repórteres.

A Rússia, principal aliada do regime sírio ao lado do Irã, "tratará dos problemas bilateralmente com Israel", acrescentou Polianski.

Sem comentários

"Não comentamos informações da imprensa estrangeira", declarou à AFP nesta terça-feira uma fonte do exército israelense. Israel raramente comenta os ataques que realiza em seu vizinho do norte, com o qual permanece oficialmente em guerra. No entanto, confirmou centenas deles desde 2011, quando começou o conflito civil na Síria.

De acordo com um relatório do exército israelense em 2020, o país atacou quase 50 alvos na Síria. Israel defende as operações e afirma que pretende conter a crescente influência do Irã, principal aliado do regime sírio.

Recentemente, o estado hebreu intensificou os bombardeios na Síria. Em 3 de novembro atacou depósitos de armas e munições nas proximidades de Damasco e no final de outubro matou cinco combatentes vinculados ao Irã também perto da capital, de acordo com o OSDH.

A ONG afirma que as ações de Israel provocaram 130 mortes, incluindo cinco civis e 125 combatentes, desde o início do ano na Síria. Muitos faleceram em um bombardeio em 13 de janeiro de 2021 no leste do país.

Nesta guerra às sombras contra o Irã, Israel também executou atos de sabotagem dentro da República Islâmica contra o programa nuclear de Teerã. O conflito civil na Síria deixou quase meio milhão de mortos desde o início em 2011. Em 2021, a guerra provocou 3.746 mortes, de acordo com o OSDH.


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