O histórico secular do conflito entre israelenses e palestinos

O histórico secular do conflito entre israelenses e palestinos

Trajetória de povos é marcada por guerras e invasões

AFP

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O conflito entre israelenses e palestinos, que vive uma nova guerra após a ofensiva sem precedentes do grupo islamita Hamas contra Israel, tem suas raízes no final século XIX, com o início da chegada à Palestina de judeus que fugiam de perseguições religiosas na Rússia e na Europa central.

1917: Um "lar judeu"

Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Britânico tomou a Palestina do Império Otomano. No dia 2 de novembro deste ano, o ministro britânico de Relações Exteriores, Arthur Balfour, promete estabelecer um "lar nacional para o povo judeu", no que será chamado de Declaração Balfour.

Em 1919, um congresso palestino em Jerusalém expressou sua discordância à esta medida. Três anos depois, em 1922, a Liga das Nações estabelece os deveres do comando britânico na região palestina, incluindo garantir o "estabelecimento do lar nacional judaico", o que dará origem à Israel. 

Entre os anos de 1936 e 1939, o Reino Unido esmaga a revolta árabe nos territórios palestinos.

1947-1948: Palestina dividida, nasce Israel

Em novembro de 1947, a resolução 181 da Organização das Nações Unidas (ONU) divide a Pelestina em dois estados, um árabe e um judaico. Jerusalém permanece sob controle internacional. A Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, permanece com a Jordânia e a Faixa de Gaza com o Egito. 

O Estado de Israel é criado em 14 de maio de 1948, provocando uma guerra de oito meses com os países árabes. Mais de 400 aldeias palestinas são destruídas por forças israelenses e cerca de 760.000 refugiados palestinos fogem para a Cisjordânia, Gaza e outros países árabes vizinhos.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) é criada em 1964.

1967-1973: Ocupação e guerra

Na Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, Israel derrota o Egito, Jordânia e Síria e ocupa Jerusalém Oriental, Cisjordânia, Faixa de Gaza e as Colinas de Golã. Pouco depois, estabelecem assentamentos judeus nestes territórios ocupados, que permanecem atualmente na Cisjordânia, Jerusalém Oriental e nas Colinas de Golã.

Países árabes atacam Israel em 6 de outubro de 1973, dia da comemoração judaica do Yom Kippur, mas os israelenses conseguem repelir a agressão.

1982: Israel invade o Líbano

Em 6 de junho de 1982, Israel invade o Líbano, golpeado por uma guerra civil, para atacar combatentes palestinos. Milícias cristãs libanesas apoiadas por Israel matam centenas de palestinos em acampamentos de refugiados em Beirute. As tropas israelenses permanecem no sul do Líbano até os anos 2000.

1987-1993: Primeira intifada; Acordos de Oslo

A primeira intifada, o levante palestino contra o domínio israelense, se estende de 1987 a 1993. Neste último ano, Israel e a OLP assinam uma declaração que estabelece os princípios para a autonomia palestina, após seis meses de negociações secretas em Oslo, iniciando o processo de paz.

Yasser Arafat, líder da OLP, retorna aos territórios palestinos em julho de 1994 depois de passar 27 anos exilado para criar a Autoridade Palestina. Pela primeira vez, se estabelece um governo autônomo na Faixa de Gaza e na cidade de Jericó, na Cisjordânia.

2002-2005: Segunda intifada

Em setembro de 2000, o líder da oposição de direita e primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon visita o complexo da Mesquita Al-Aqsa em Jerusalém Oriental, local sagrado para muçulmanos e judeus — que o chamam de Monte do Templo —, o que dá início aos combates da segunda intifada.

Em resposta a uma onda de ataques suicidas, Israel invade a Cisjordânia em 2002, em sua maior operação neste local desde a guerra de 1967. Mahmoud Abbas, um político moderado, assume o comando da Autoridade Palestina em janeiro de 2005, após a morte de Arafat.

As últimas tropas israelenses deixam Gaza em setembro de 2005, após 38 anos de ocupação.

2007: Guerras em Gaza

Em 2007, o movimento islamita palestino Hamas assume controle de Gaza após intensos confrontos com seus adversários do Fatah, liderado por Abbas, que permanece no poder na Cisjordânia.

No ano de 2014, Israel lança uma nova operação em Gaza para frear o lançamento de foguetes daquele território. Mais de 1,4 mil civis palestinos e seis israelenses morreram nesta ação militar, segundo dados da ONU.

2017: Trump reconhece Jerusalém

Em 6 de dezembro de 2017, o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump reconhece Jerusalém como capital de Israel, gerando indignação entre os palestinos e críticas internacionais.

Abbas alerta que Washington já não pode mais desempenhar seu papel histórico de mediador nas conversas de paz com os israelenses.

2021: Novos conflitos

Em 10 de maio de 2021, após vários dias de tensões em torno do complexo da mesquita Al-Aqsa, o Hamas lança foguetes contra Israel, que responde com bombardeios aéreos na Faixa de Gaza. Tem início uma guerra de 11 dias entre Hamas e Israel, com inúmeras mortes. Em agosto de 2022, três dias de confrontos entre Israel e a Jihad Islâmica levaram à morte de seus principais líderes militares.

Novos embates são registrados no início de 2023, após uma operação israelense no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia. Em maio, 35 pessoas são mortas em cinco dias de combates e em julho, Jenin é alvo da sua maior operação militar em anos. 

No último sábado, 7 de outubro de 2023, o Hamas lança uma grande ofensiva a partir da Faixa de Gaza contra o sul de Israel, que responde com intensos bombardeios contra o enclave palestino. Esta nova guerra já causou milhares de mortes.

Fonte: Omar KAMAL, Valentin RAKOVSKY, Gabriel CAMPELO, Julia Han JANICKI / AFP

 

 

 

 


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