OEA denuncia "grave alteração inconstitucional" na Venezuela

OEA denuncia "grave alteração inconstitucional" na Venezuela

Resolução aprova por 17 países definiu acompanhamento para preservar democracia em Caracas

AFP

Resolução aprova por 17 países definiu acompanhamento para preservar democracia em Caracas

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A Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou nesta segunda-feira uma "grave alteração inconstitucional da ordem democrática" na Venezuela, e decidiu adotar medidas diplomáticas visando auxiliar na superação da crise no país. A resolução foi aprovada por 17 dos 21 países presentes. Belize, Bahamas, República Dominicana e El Salvador se abstiveram, durante a sessão de emergência para discutir a crise institucional venezuelana.

Caracas reagiu denunciando "um fato sem precedentes dirigido à destruição da Organização dos Estados Americanos, mediante o qual um grupo de governos, em cumplicidade com a Secretaria-Geral, perpetraram a tomada da Presidência do Conselho Permanente para impor à organização e aos demais estados-membros sua própria agenda ilícita".

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, qualificou o comunicado da OEA de "abusivo e inoperante", e denunciou um "golpe de Estado" contra a presidência do Conselho Permanente. Ao protestar contra a reunião, os representantes de Venezuela, Bolívia e Nicarágua também haviam denunciado um "golpe" contra a organização continental e abandonado a sala, na sede da OEA, em Washington.

A sessão foi convocada por 20 países em caráter de urgência, após a decisão do Supremo venezuelano de assumir as funções do Legislativo e retirar a imunidade dos parlamentares, o que foi parcialmente anulado no sábado. A resolução, promovida por Brasil, Estados Unidos, México, Canadá, Argentina, Chile e Colômbia - entre outros - declara que as sentenças "são incompatíveis com a prática democrática e constituem uma violação da ordem constitucional" na Venezuela.

Apesar de reconhecerem a revisão das decisões do Supremo, os países exortaram o governo venezuelano a assegurar a "plena restauração da ordem democrática". A Organização também resolveu acompanhar a situação mediante a implementação de "mecanismos interamericanos" para a "preservação da democracia" na Venezuela, conforme a Carta Democrática Interamericana.

Criada em 2001, a Carta Democrática Interamericana fixa mecanismos graduais de intervenção em um estado-membro no caso de "alteração da ordem constitucional que afete gravemente a ordem democrática", podendo levar à suspensão do país da OEA. Na sessão desta segunda-feira, a chanceler argentina, Susana Malcorra, que exerce a presidência rotativa do Mercosul, relatou que o esforço diplomático de mediação na Venezuela "não é, em qualquer sentido, uma ingerência". Após assumir formalmente a presidência do Conselho Permanente nesta segunda-feira, a Bolívia decidiu suspender a sessão, argumentando que a convocação carecia de "consulta" e denunciando "imposições".

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