ONU aprova envio de missão internacional sobre crimes de guerra em Gaza
Comissão definiu investigação independente sobre abusos em grandes operações militares
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Estados Unidos e Austrália votaram contra a resolução e, entre os que se abstiveram, estavam Grã-Bretanha, Suíça e Alemanha. Desde o início dos protestos palestinos em 30 de março, mais de 100 moradores de Gaza morreram, e milhares ficaram feridos. Somente na segunda-feira, quando os manifestantes se aproximaram da barreira de segurança na fronteira com Israel para protestar contra a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, mais de 60 pessoas foram mortas pelos tiros de agentes israelenses.
Críticas israelenses
Israel rejeitou "completamente a decisão do Conselho de Direitos Humanos, que prova mais uma vez que se trata de um organismo majoritariamente anti-israelense dominado pela hipocrisia e pelo absurdo", reagiu o Ministério israelense das Relações Exteriores em um comunicado. Segundo ele, os resultados da comissão de inquérito nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos "são conhecidos de antemão e são ditados pela própria resolução".
"Está claro para todos que o objetivo do Conselho não é investigar a verdade, mas violar o direito de autodefesa de Israel e demonizar o Estado judeu", acrescentou o ministério no texto. A embaixadora israelense na ONU em Genebra, Aviva Raz Shechter, considerou a resolução "vergonhosa" e "tendenciosa". "O Hamas [o movimento islâmico que governa Gaza] é o agressor, o Hamas é quem comete crimes de guerra", disse ela.
"Esta resolução não tem significado e não merece mais do que ser destruída", ressaltou. Por sua vez, o representante dos Estados Unidos, Theodore Allegra, lamentou o fato de a resolução se concentrar apenas em Israel "sem qualquer apelo para investigar o Hamas". Na abertura dos debates, o chefe do Conselho de Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, criticou o uso "totalmente desproporcional" da força por parte das tropas israelenses.
"Ninguém está mais seguro depois dos terríveis acontecimentos desta semana", reclamou. Zeid lembrou que "muitos dos feridos e mortos" na segunda-feira "estavam completamente desarmados e foram baleados nas costas e no peito, na cabeça e nos membros inferiores" com munição real. Apesar de "alguns manifestantes terem atirado coquetéis molotov, usado estilingues para atirar pedras (...) e tentado cortar as duas cercas de arame entre Gaza e Israel", isso "não parece representar uma ameaça iminente de morte, ou lesão grave", que pudesse justificar o uso de força letal, alegou.