ONU pede que governos antecipem efeitos do fenômeno meteorológico El Niño

ONU pede que governos antecipem efeitos do fenômeno meteorológico El Niño

Condição poderá gerar novos recordes de temperaturas em determinadas regiões do planeta

AFP

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A ONU pediu, nesta terça-feira (4), aos governos que antecipem as consequências do fenômeno meteorológico do El Niño "para salvar vidas e meios de subsistência". O El Niño acabou de começar e está normalmente associado ao aumento das temperaturas globais. Este fenômeno vai continuar ao longo do ano com uma intensidade que deve ser "pelo menos moderada", disse a ONU ao anunciar o início do episódio.

A Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) já anunciou o início oficial do El Niño em 8 de junho, alertando que "poderia gerar novos recordes de temperatura" em certas regiões. Em partes do sul da América Latina, no sul dos Estados Unidos, no Chifre da África e na Ásia central, o El Niño está associado ao aumento das chuvas. E pode causar secas na Austrália, Indonésia e em partes do sudeste asiático e da América Central.

Por outro lado, suas águas quentes podem alimentar furacões no centro e leste do oceano Pacífico e retardar a formação desses ciclones no Atlântico. Os efeitos nas temperaturas mundiais geralmente são percebidos no ano seguinte ao desenvolvimento do fenômeno. "A chegada do El Niño aumentará consideravelmente a probabilidade de quebrar recordes de temperatura e desencadear um calor mais extremo em muitas regiões do mundo e nos oceanos", alertou Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Este anúncio do episódio do El Niño "é um sinal para os governos do mundo se prepararem para limitar os efeitos sobre nossa saúde, nossos ecossistemas e nossas economias", acrescentou o chefe desta agência especializada da ONU. Por isso, destacou, os sistemas de alerta precoce e as medidas de antecipação de eventos climáticos extremos são importantes "para salvar vidas e meios de subsistência".

"Novo sinal de alarme"

O El Niño 2018-2019 levou a um episódio particularmente longo de quase três anos de La Niña, que causa efeitos contrários, incluindo uma queda nas temperaturas. O El Niño ocorre em média a cada dois a sete anos, e geralmente dura entre nove e doze meses. É um fenômeno climático natural associado ao aquecimento da temperatura da superfície do oceano, no centro e leste do Pacífico tropical.

Mas o episódio atual "é registrado, no entanto, no contexto de um clima modificado pelas atividades humanas", destacou a OMM. Com a perspectiva deste fenômeno, a organização previu em maio que ao menos um dos próximos cinco anos, e os cinco anos entre 2023 e 2027 como um todo, seriam os mais quentes já registrados.

Também estimou em 66% a probabilidade de que a temperatura média anual da superfície da Terra exceda os níveis pré-industriais em 1,5 °C durante pelo menos um desses cinco anos. "Isso não quer dizer que nos próximos cinco anos vamos ultrapassar o nível de 1,5°C especificado no Acordo de Paris, já que esse acordo se refere ao aquecimento de longo prazo em muitos anos. Mas é um novo sinal de alarme", disse Chris Hewitt, responsável dos serviços climáticos da OMM.


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