ONU revela que 2,5 milhões de emigrantes recorreram a traficantes de pessoas em 2016
Relatório apontou cerca de 30 itinerários utilizados na Europa, África, América do Norte e Ásia
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A agência da ONU, que publica pela primeira vez esta compilação anual internacional de dados, enfatizou que o estudo está incompleto devido à dificuldade de se coletar informações relacionadas a uma atividade que se desenvolve na clandestinidade. O relatório aponta cerca de 30 itinerários utilizados por imigrantes e seus contrabandistas na Europa, África, América do Norte e Ásia.
O fluxo mais importante - entre 735 mil e 820 mil pessoas em 2016 - ocorre na América do Norte. É seguido pelo eixo que vai da África Subsaariana até o Norte da África - com cerca de 480 mil pessoas -, e as rotas marítimas no Mediterrâneo, com cerca de 375 mil pessoas. As migrações através da Ásia também geram fluxos importantes de traficantes ilegais, da ordem das 550 mil pessoas com destino à Tailândia em 2010, segundo o estudo, que não tem uma estimativa atualizada para 2016.
Este tráfico ilícito de emigrantes, que se faz "na falta de outros meios" com redes de contrabando para conseguir fugir de seus países de origem, "segue a mesma dinâmica que outros mercados transnacionais do crime organizado", respondendo às leis de oferta e demanda, indicou o estudo. Este tráfico que ocorre por vias terrestres, marítimas ou aéreas, tem seus núcleos em cidades como Agadèz, países como Níger, na rota entre a África Ocidental e o Norte da África, várias cidades fronteiriças entre a Etiópia e o Quênia e a maioria das grandes capitais.
Um grande número de emigrantes morrem nestes itinerários. As travessias pelo Mediterrâneo aparecem como as mais mortais, "com cerca de 50% do número total de mortes". "Na maioria dos itinerários também houve denúncias de assassinatos sistemáticos de emigrantes", apontou o estudo que, entre os muitos perigos, cita os estupros, roubos, sequestros e a escravidão.