"Orem pelos cardeais que escolherão novo Papa", diz Bento XVI

Na audiência de despedida nesta quarta-feira, Bento XVI pediu aos países latino-americanos e à Espanha que orem pelos cardeais que vão eleger seu sucessor. "Os suplico que os recordem de mim em vossa oração e que sigam pedindo pelos senhores cardeais, convocados à delicada tarefa de eleger um novo sucessor na Cátedra do apóstolo Pedro", disse em espanhol ao peregrinos de todo o mundo que lotaram a Praça São Pedro. 

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Bento XVI  expressou confiança na Igreja e nos fiéis que encontrou nos cinco continentes, a quem agradeceu em diversas línguas, do português ao árabe, do italiano ao polonês. "Estou muito comovido e vejo a Igreja cheia de vida", disse várias vezes, em resposta às aclamações da multidão que gritava seu nome em italiano, "Benedetto, Benedetto!"

Bento XVI reconheceu que no seu pontificado, fazendo alusão aos escândalos e controvérsias (pedofilia e Vatileaks, especialmente), "houve também momentos nada fáceis, nos quais as águas estavam agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o senhor parecia dormir".

"Mas eu sempre soube que o barco da Igreja não é meu, não é nosso, mas é Seu barco e ele não o deixa afundar", disse.  "Deus guia sua Igreja, a apoia sempre e também nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão da fé", insistiu.

O Papa falou sobre a decisão de renunciar, que nem sempre foi bem compreendida, até mesmo por católicos. "Amar a Igreja significa também ter coragem de fazer escolhas difíceis", disse, declarando-se "consciente da gravidade e da novidade de sua decisão".

Mais de 100 mil  pessoas, incluindo muitos cardeais, bispos e personalidades, estiveram presentes na última bênção do Papa Bento XVI,  a de número 348 de seu pontificado, iniciado em abril de 2005.

No papamóvel, Bento XVI saudou os fiéis e foi ovacionado pela multidão que o acompanhava. Ao longo de um passeio de cerca de 15 minutos pela praça, ele foi cumprimentado com gritos de "Bento! Bento!" e "Viva o Papa!". Ele parou várias vezes ao logo do caminho para beijar bebês e crianças.

Renúncia

O alemão Joseph Ratzinger, de 85 anos, causou espanto ao anunciar a renúncia, em 11 de fevereiro, alegando falta de "forças para seguir adiante de uma igreja de 1,2 bilhão de fiéis, que enfrentou umas série de escândalos nos últimos anos.

O pontífice, que passará a ser chamado "Papa emérito", deixará nesta quinta-feira o Vaticano sem uma cerimônia especial em um helicóptero, que o levará à residência de veraneio de Castelgandolfo, a 25 quilômetros de Roma, onde viverá temporariamente antes de mudar-se para um mosteiro.