"Pai da reunificação alemã" é homenageado na Europa

"Pai da reunificação alemã" é homenageado na Europa

Helmut Kolh foi arquiteto da ampliação da UE, arauto da amizade franco-alemã e faleceu aos 87 anos

AFP

"Pai da reunificação alemã" é homenageado na Europa

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A União Europeia (UE) fez uma homenagem inédita e cheia de emoção ao ex-chanceler alemão Helmut Kohl, neste sábado, com uma cerimônia no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Cerca de 20 chefes de Estado e de governo estavam entre os presentes no ato realizado por uma UE em luto, um dia depois do falecimento de outra emblemática figura do europeísmo, Simone Veil, a primeira mulher presidente desse Parlamento.

Vestida de preto e visivelmente emocionada, a chefe do governo alemão, Angela Merkel, reconheceu o trabalho do "chanceler da unificação" da Alemanha. "Sem Helmut Kohl, a vida de milhões de pessoas que, como eu, viviam do outro lado do muro não seria a mesma", destacou.

Coberto pela bandeira europeia e transportado por oito militares, o caixão foi instalado no centro da plenária da Casa para essa cerimônia sem precedentes na história da UE. Diante do caixão, três coroas de flores: uma com as cores da República Federal da Alemanha; outra, em nome da UE; e a terceira, em nome de sua mulher, Maike Kohl-Richter, com a frase "In Liebe, deine Maike" ("Com amor, Maike"). "Helmut Kohl era um verdadeiro europeu e um amigo. A Europa deve muito a ele", disse antes da cerimônia o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Grande legado para Europa

Pai da reunificação alemã, arquiteto da ampliação da UE e arauto da amizade franco-alemã, Helmut Kohl faleceu aos 87 anos, em 16 de junho passado. Foi chefe de governo alemão entre 1982 e 1998. "Seu legado para a Europa é enorme", acrescentou Juncker.

É a primeira vez que a UE organiza uma homenagem dessa envergadura. Kohl foi nomeado um dos três "cidadãos de honra da Europa", junto com os franceses Jean Monet e Jacques Delors. Na cerimônia, estavam 17 líderes europeus, entre eles a primeira-ministra britânica, Theresa May. Representando a Espanha, compareceram os ex-presidentes de governo Felipe González e José María Aznar, assim como os reis eméritos Juan Carlos e Sofia.

"Me despeço de Helmut Kohl na dimensão da amizade, da qual tinha um grande senso. Unia a confiança à amizade, rara espécie nas relações políticas", disse Felipe González em seu discurso no Parlamento. "Tinha senso da História e, por isso, falava de uma Alemanha europeia, para nunca mais repetir uma Europa alemã. E tinha senso social (...) Estamos perdendo um grande europeísta. E eu tenho, pessoalmente, a sensação de perder um amigo, com o qual compartilhei momentos históricos decisivos. Para a Alemanha, para a Espanha, para a Europa e para o mundo", acrescentou o ex-presidente.

Também compareceram à homenagem o italiano Romano Prodi e o português José Manuel Durão Barroso, ambos ex presidentes da Comissão Europeia e ex-primeiros-ministros de seus países; o presidente francês, Emmanuel Macron, e um de seus antecessores, Nicolas Sarkozy.

A chanceler Angela Merkel acompanhou a cerimônia da primeira fila, tendo a seu lado Macron e o ex-presidente americano Bill Clinton. O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani; o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk; e Jean-Claude Juncker falaram na solenidade. "A pedido da viúva" de Kohl, também discursaram Felipe González, Bill Clinton e o premiê russo, Dimitri Medvedev. Os dois últimos discursos foram de Macron e de Merkel. "Helmut Kohl foi um interlocutor privilegiado para a França, um aliado fundamental, mas foi mais do que isso: foi um amigo", declarou o presidente francês.

Após a fala da chanceler alemã, a orquestra e o coro universitário de Estrasburgo interpretaram o hino alemão e o hino da UE, encerrando a homenagem com a Sétima Sinfonia de Beethoven. Na sequência, os restos mortais de Kohl foram transladados para Speyer, na Alemanha, onde o corpo será enterrado. Sua viúva não quis que fosse realizada uma homenagem fúnebre nacional.

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