Pais vegetarianos de bebê que morreu desnutrido pegam 30 meses de prisão

Pais vegetarianos de bebê que morreu desnutrido pegam 30 meses de prisão

Casal francês, que deve ser libertado após cumprir prisão preventiva, dava apenas leite materno à filha de 11 meses.

AFP

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Um tribunal do norte da França condenou, nesta sexta-feira, um casal de vegetarianos a cinco anos de prisão, sendo 30 meses em regime fechado, pela morte de sua filha de 11 meses. O bebê morreu em 2008, devido à falta de cuidados médicos e a uma alimentação inapropriada.

A representante da Procuradoria havia solicitado 10 anos de prisão em regime fechado. "Não estamos aqui para fazer um julgamento sobre um modo de vida diferente, mas para decidir se este homem e esta mulher cometeram uma falha nos cuidados que causaram a morte de sua filha", argumentou a representante Anne-Laure Sandretto.
"Estamos aqui para dizer que, no século XXI, uma criança não pode morrer de fome sem que seus pais reajam em momento algum", enfatizou.

O casal, que compareceu em liberdade ao tribunal de Amiens, depois de ter passado quatro meses em prisão preventiva, pode ganhar a liberdade em breve, devido à regressão da pena, segundo advogados ao final da audiência. A menina, Louise, morreu no dia 25 de março de 2008 na casa dos pais, Joël e Sergine Le Moaligou, que hoje têm 45 e 40 anos.

Quando os pais, cuja dieta vegetariana impede o consumo de qualquer alimento de origem animal, se deram conta da palidez e da magreza do bebê, chamaram os bombeiros, que constataram a morte da criança logo ao chegar. A vítima, que era alimentada por sua mãe exclusivamente com leite materno, pesava 5,7 quilos, quando a média para a idade seria de 8 quilos.

A necrópsia revelou uma carência de vitaminas A e B12 que, segundo especialistas, aumenta a vulnerabilidade a infecções e teria sido registrada "devido a um desequilíbrio alimentar". A representante da Procuradoria ressaltou "a cegueira e a certeza de estar com a verdade" do casal, não colocando em questão o amor que sentiam por Louise, mas lamentou que "apenas uma coisa tenha prevalecido nesse amor: suas convicções".

Muito desconfiados em relação à medicina convencional, os pais preferiam cuidar de seus filhos por seus próprios meios, com a ajuda de conselhos obtidos em livros. Sergine e Joël Le Moaligou poderiam incorrer, na teoria, a 30 anos de reclusão por "privação de cuidados ou de alimentos seguido de morte".

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