Papa Francisco se despede do Chile com missa em cidade de imigrantes

Papa Francisco se despede do Chile com missa em cidade de imigrantes

Visita do Papa foi conturbada no país por conta de recentes denúncias de abuso sexual no clero

AFP

Papa Francisco se despede do Chile com missa em cidade de imigrantes

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O papa Francisco oficia nesta quinta-feira sua terceira missa no Chile, desta vez em Playa Lobitos, perto de Iquique, última etapa de sua visita ao país. Por sua localização, no norte do país, a 1.800 quilômetros de Santiago, Iquique é uma cidade de imigrantes, um dos temas centrais da sexta visita do Papa à América Latina.

O Chile é um país que recebe muitos imigrantes, principalmente por sua fronteira norte, por onde há um intenso e irregular ingresso de estrangeiros provenientes da Colômbia, do Haiti, da República Dominicana e do Equador. Mais de meio milhão de estrangeiros vive atualmente no Chile em situação legal, segundo dados oficiais, ou seja, 3% da população de 17,5 milhões. De acordo com números divulgados pela imprensa local, apenas no ano passado cerca de 105.000 haitianos e mais de 100.000 venezuelanos chegaram ao território.

Depois da missa, o santo padre manterá um encontro com vítimas da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e entronizará uma imagem de Maria, que está localizada em La Tirana, a 70 quilômetros de Iquique, como "rainha e mãe" do Chile.

Ao contrário de outros países visitados na região em suas cinco viagens anteriores, a do Chile não foi das mais fáceis. O Papa encontrou um país hostil à Igreja católica da América Latina, com uma secularização crescente e malvista pelos abusos sexuais do clero em relação a menores de idade. Em seguida, Francisco partirá para a segunda etapa de sua viagem, o Peru, onde permanecerá três dias e visitará Puerto Maldonado, em plena Amazônia, Trujillo e Lima.

O sumo pontífice terá a oportunidade de venerar as relíquias de seus santos favoritos no domingo, na Catedral de Lima, um dia depois de prestar tributo a três sacerdotes - dois poloneses e um italiano -, assassinados pela guerrilha maoísta do Sendero Luminoso. San Martín de Porres (1579-1639), o frade dominicano negro representado com uma escova na mão como símbolo de humildade, é um dos santos favoritos do Papa, segundo o padre jesuíta Ernesto Cavassa, reitor da Universidade Antonio Ruiz de Montoya.

Já Toribio de Mogrovejo (1538-1606) seria o santo mais admirado por Francisco, por sua dedicação total à missão pastoral. O Papa venerará ainda as relíquias de Santa Rosa de Lima (1586-1617). Além disso, será presenteado com um arco e flecha por uma comunidade indígena do Peru, que pedirá ao Papa que os defenda e os ajude a reclamar junto ao governo peruano as terras ancestrais de que foram despojados.

A tribo Ese Eja Palma Real é uma comunidade de 230 habitantes. O acesso a ela é feito por uma viagem de duas horas em barco pelo Amazonas, partindo da cidade de Puerto Maldonado, no sudeste do país. É nessa localidade que o Papa se reúne, nesta sexta-feira com 3.500 indígenas peruanos, brasileiros e bolivianos.

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