Papa visitará o Egito após atentados contra igrejas
Pontífice deseja se aproximar da comunidade cristã no Oriente Médio
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O mundo "dilacerado pela violência cega" precisa de "paz, amor e misericórdia", implorou o pontífice argentino. Seu deslocamento de dois dias será cercado por um forte esquema de segurança, enquanto o país segue em estado de emergência após os sangrentos atentados de 9 de abril contra duas igrejas coptas. No entanto, Francisco não quer se locomover em carro blindado, segundo o porta-voz da Santa Sé, Greg Burke, que afirma confiar no plano de segurança desenvolvido pelo ministério egípcio do Interior.
O papa de 80 anos irá se reunir na sexta-feira com o grande imã sunita de Al-Azhar, xeque Ahmed al-Tayeb, um professor de filosofia islâmica de 71 anos muito crítico dos jihadistas e que visitou o Vaticano em maio de 2016 após dez anos de relações frias.
Conferência para a paz
A universidade de Al-Azhar, instituição de referência do Islã sunita, organiza na sexta-feira uma conferência para a paz, onde o papa discursará como um mero "participante", logo após o imã. Francisco também encontrá o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi. Criticado no exterior por violações dos direitos humanos, Sissi demonstrou certa abertura à comunidade cristã egípcia desde que chegou ao poder em 2014.
Ele foi o primeiro presidente do Egito a participar de uma missa de Natal em 2015. O presidente prometeu aos coptas identificar os responsáveis pelos atentados reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI) contra as igrejas em Tanta e Alexandria, que mataram 45 pessoas no início da Semana Santa, em 9 de abril.
O líder espiritual de quase 1,3 bilhão de católicos, finalmente se reunirá na sexta-feira com o papa copta ortodoxo do Egito, Tawadros II. Eles vão visitar a igreja copta de São Pedro e São Paulo, onde um atentado a bomba matou 29 vítimas em dezembro, no coração do Cairo. Sábado, o pontífice celebrará uma missa e se encontrará com a comunidade católica egípcia de menos de 300 mil fiéis. Os coptas, de tradição ortodoxa, representam cerca de 10% dos 92 milhões de egípcios. Sua história remonta aos primórdios do cristianismo.
A visita do papa ao Cairo visa, muito particularmente, consolidar as relações entre Al-Azhar e o Vaticano, tensas a partir de 2006, em razão das polêmicas declarações do papa Bento XVI associando o Islã e a violência. Após décadas de esforços, o diálogo inter-religioso com o Islã continua "ao nível das elites", constata uma autoridade do Vaticano. "Mas se o diálogo existe, já é um bom sinal!".