Paquistão organiza operação de resgate por inundações que provocaram mais de mil mortes

Paquistão organiza operação de resgate por inundações que provocaram mais de mil mortes

Mais de 33 milhões de pessoas foram afetados pelas chuvas

AFP

publicidade

O Paquistão iniciou nesta segunda-feira (29) uma grande operação de resgate, enquanto a ajuda internacional começa a chegar ao país, para enfrentar as inundações provocadas pelas chuvas de monção, que deixaram pelo menos 1.061 mortos. Mais de 33 milhões de pessoas - um paquistanês a cada sete - foram afetados pelas inundações e quase um milhão de casas foram destruídas ou muito danificadas, segundo o governo.

De acordo com o balanço atualizado, divulgado nesta segunda-feira pela Autoridade Nacional de Gestão de Desastres (NDMA), ao menos 1.061 pessoas morreram desde o início das chuvas torrenciais em junho, 28 delas nas últimas 24 horas. As autoridades ainda não conseguiram chegar a vilarejos isolados nas zonas montanhosas do norte do país, o que provoca o temor de um número de vítimas ainda maior.

A temporada de monção, que vai de junho a setembro, é essencial para irrigar as plantações e para reabastecer os recursos hídricos do subcontinente indiano. Mas também inclui uma grande parcela de destruição e tragédias. A ministra paquistanesa da Mudança Climática, Sherry Rehman, classificou as chuvas deste ano como "a temporada de monção monstro da década".

O governo paquistanês atribui os fenômenos extremos à mudança climática e afirma que o país sofre as consequências das práticas irresponsáveis com o meio ambiente de outras regiões do mundo. As chuvas deste ano são comparáveis às de 2010, quando morreram quase 2.000 pessoas e que deixaram 20% do país alagado.

Perto de Sukkur, na província de Sindh (sul), onde uma represa imponente do período colonial situada no rio Indo é vital para impedir que a catástrofe seja ainda pior, um agricultor lamentava ter perdido seus campos de arroz.

"Nossas plantações estavam espalhadas por 2 mil hectares, onde era cultivado o arroz de melhor qualidade, que vocês e nós comemos", disse Khalil Ahmed, de 70 anos, à AFP. "Tudo isto acabou".

Dificuldades

A NDMA informou que mais de 80 mil hectares de terras cultiváveis foram foram devastados e mais de 3,4 mil quilômetros de estradas e 157 pontes foram destruídas pela força das águas. O nível do rio Indo não para de subir, alimentado por dezenas de riachos e torrentes afetados pelas fortes chuvas e o derretimento das geleiras. A maior parte de Sindh está debaixo de água, o que dificulta as operações de resgate, supervisionadas pelo exército paquistanês. "Não há nenhuma zona de pouso ou de aproximação disponível (...) Para nossos pilotos é difícil aterrissar", declarou uma fonte militar que pediu anonimato.

Os helicópteros do exército também enfrentam problemas no resgate das pessoas em perigo no norte do país, onde o relevo, com montanhas elevadas e vales profundos, torna as condições de voo muito arriscadas. Muitos rios transbordaram nesta região turística e arrastaram dezenas de edifícios, incluindo um hotel de 150 quartos.

O governo decretou estado de emergência e pediu ajuda à comunidade internacional. No domingo o país recebeu os primeiros voos com ajuda humanitária, procedentes da Turquia e Emirados Árabes Unidos. As inundações acontecem em um contexto muito complicado para o país, que enfrenta uma grave crise econômica e uma profunda crise política, desde que o primeiro-ministro Imran Khan foi destituído em abril por um voto de censura no Parlamento.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895